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Água detectada na superfície de um asteroide pela primeira vez

Pela primeira vez, cientistas “observam” moléculas de água em um asteroide usando dados do observatório SOFIA, da NASA, agora aposentado.

Água detectada na superfície de um asteroide pela primeira vez -

Imagem: Arte "Dados coletados pelo instrumento FORCAST do SOFIA" por NASA

Cientistas detectaram diretamente pela primeira vez a presença de água em dois asteroides, em observações aqui da Terra, utilizando dados do observatório aéreo SOFIA, operado pela NASA (ARREDONDO, 2024).

O estudo, coordenado pelo Instituto de Pesquisa Sudoeste em San Antonio concentrou-se em analisar os asteroides Iris e Massalia, ricos em silicatos, onde foram identificados sinais claros de moléculas de água em suas superfícies. 

Os dados – coletados pelo instrumento FORCAST do SOFIA – revelaram uma assinatura espectral distintiva, indicando a presença de moléculas de água nas superfícies desses asteroides.

Concepção artística dos dados coletados pelo instrumento Faint Object InfraRed Camera (FORCAST) no agora aposentado Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha (SOFIA) mostraram sinais de água na superfície de dois asteroides ricos em silicatos, chamados Iris e Massalia.
Imagem: NASA / Carla Thomas / SwRI

Esta descoberta inédita fornece novas pistas sobre a distribuição de água no Sistema Solar e sua importância na formação e evolução dos corpos celestes.

Os asteroides são corpos rochosos remanescentes do processo de formação planetária e sua composição varia de acordo com a região onde se formaram na nébula solar. 

Moléculas de água já foram detectadas em amostras de asteroides, coletadas por sondas e trazidas à Terra – como a do asteroide Bennu, recentemente – mas essa é a primeira vez que a água é “observada” diretamente em suas superfícies no espaço. 

O SOFIA já havia encontrado traços semelhantes de água na superfície da Lua, em uma das maiores crateras em seu hemisfério sul.

Os resultados indicam que os asteroides Iris e Massalia podem conter água em forma de minerais ou adsorvida em silicatos, semelhante ao que foi observado na Lua. 

Estas evidências contradizem a teoria de que os asteroides no Sistema Solar interno seriam predominantemente secos, enquanto os objetos mais distantes seriam compostos principalmente de gelo.

A descoberta levanta questões sobre a origem e evolução dos asteroides e sua contribuição para a água na Terra. 

Acredita-se que os asteroides tenham sido uma fonte primária de água em nosso planeta, fornecendo os elementos essenciais para a formação e sustentação da vida. 

Por isso, a compreensão da distribuição de água no espaço é crucial para identificar locais potenciais para procurar por vida além da Terra.

Além disso, a detecção de água em asteroides tem implicações significativas para a exploração espacial futura. 

Esses corpos celestes podem conter recursos valiosos para missões espaciais, como a própria água para consumo humano, matéria-prima para produção de combustível ou podem até mesmo servir como base para a colonização de outros mundos.

No entanto, há ainda muitas questões a serem respondidas. 

Como a água chegou aos asteroides? Como ela é preservada ao longo do tempo

Essas questões desafiam os cientistas a aprofundar sua compreensão da história e evolução do sistema solar.

De qualquer forma, essa descoberta inédita abre novos caminhos de pesquisa e promete expandir nosso conhecimento sobre a distribuição de água e os processos que moldaram nosso sistema solar e, possivelmente, outros sistemas planetários.

Vídeos

PELA PRIMEIRA VEZ ASTRÔNOMOS DESCOBREM ÁGUA NA SUPERFÍCIE DE ASTEROIDES
PELA PRIMEIRA VEZ ASTRÔNOMOS DESCOBREM ÁGUA NA SUPERFÍCIE DE ASTEROIDES.
Vídeo: Canal “SpaceToday” em Youtube.

Referências

ARREDONDO, Anicia et al. Detection of Molecular H2O on Nominally Anhydrous Asteroids. The Planetary Science Journal, v. 5, n. 2, p. 37, 2024. Disponível em: <link>. Acesso em: 16 fev 2024.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Água detectada na superfície de um asteroide pela primeira vez. Ciência Mundo, fev 2024. Disponível em: . Acesso em: 28 fev 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.