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O que uma explosão nuclear realmente faria a um asteroide?

Pesquisadores investigam seriamente a detonação nuclear como estratégia de defesa para alterar a trajetória de asteroides ameaçadores.

O que uma explosão nuclear realmente faria a um asteroide? -

Imagem: Arte"explosão nuclear em asteroide"por Ciência Mundo

A ideia de usar explosões nucleares para desviar asteroides em rota de colisão com a Terra sempre foi explorada nos filmes de ficção.

No entanto, enquanto Hollywood fazia disso um espetáculo cinematográfico, cientistas hesitavam em abraçar essa ideia na vida real. 

Agora, pesquisadores do Lawrence Livermore National Laboratory (LLNL) estão investigando a possibilidade de usar explosões nucleares como uma ferramenta viável de defesa planetária (BURKEY, 2023).

O cenário tradicional sugere que detonar uma bomba nuclear contra um asteroide apenas o fragmentaria em pedaços menores, mantendo a ameaça latente. 

No entanto, um recente estudo do LLNL explorou de forma séria essa abordagem. 

Usando modelagem avançada, os cientistas desenvolveram uma ferramenta capaz de simular os efeitos de uma explosão nuclear acima da superfície de um asteroide.

A técnica inovadora, conhecida como ablação nuclear, propõe que a radiação resultante da explosão vaporizaria parte da superfície do asteroide, gerando um impulso explosivo e uma alteração na velocidade, possivelmente desviando o asteroide de uma colisão com a Terra. 

Ferramenta de modelagem desenvolvida LLNL mostra a progressão de um asteroide sendo fragmentado por um dispositivo nuclear teórico detonado perto da superfície do objeto.
Imagem: Mary Burkey. / LLNL.

Mary Burkey, pesquisadora do LLNL, destaca a importância de ter tempo suficiente de aviso para implementar essa estratégia.

“Se tivermos tempo suficiente de aviso, poderíamos potencialmente lançar um dispositivo nuclear, enviando-o a milhões de milhas de distância para um asteroide que está se dirigindo para a Terra”, explicou Burkey. 

“Em seguida, detonaríamos o dispositivo e poderíamos desviar o asteroide, mantendo-o intacto, mas proporcionando um impulso controlado para longe da Terra, ou poderíamos perturbar o asteroide, quebrando-o em pequenos fragmentos em movimento rápido que também passariam longe do planeta.”

A modelagem, chamada de “X-ray energy deposition model”, permite simular uma ampla gama de condições iniciais, representando diversos tipos de asteroides, desde rochas sólidas até pilhas de detritos. 

Essa abordagem abrangente oferece aos cientistas planetários insights valiosos sobre como lidar com asteroides potencialmente perigosos.

Os pesquisadores enfatizam que a eficácia de uma missão de deflexão ou perturbação nuclear depende da precisão das simulações multiphysics da deposição de energia de raios-X do dispositivo no asteroide e da ablação resultante do material. 

Esse desafio técnico é enfrentado pela equipe do LLNL, que busca uma maneira eficiente e precisa de modelar o desvio nuclear para uma variedade de propriedades físicas de asteroides.

O estudo destaca ainda que a missão Double Asteroid Redirection Test (DART), que envolveu o lançamento deliberado de um impactor cinético contra um asteroide para alterar sua trajetória, forneceu valiosas informações sobre o redirecionamento de asteroides. 

O novo modelo do LLNL agora oferece aos pesquisadores ferramentas adicionais para ampliar essas descobertas, explorando a ablação nuclear como uma alternativa viável às missões de impacto cinético.

Megan Bruck Syal, líder do projeto de defesa planetária do LLNL, enfatiza a importância desses esforços para situações de emergência real, onde a modelagem de simulação de alta fidelidade pode fornecer informações críticas aos tomadores de decisão. 

Embora a probabilidade de um grande impacto de asteroide durante a vida seja baixa, as consequências potenciais seriam devastadoras, e a pesquisa em defesa planetária se torna essencial para proteger a humanidade e nosso planeta.

À medida que avançamos no entendimento das complexidades da interação entre explosões nucleares e asteroides, a esperança é que possamos desenvolver estratégias eficazes para desviar possíveis ameaças cósmicas. 

O uso controlado da tecnologia nuclear como uma ferramenta de defesa planetária destaca a capacidade da ciência de inovar e enfrentar desafios que transcendem os limites da Terra.

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Referências

BURKEY, Mary T. et al. X-Ray Energy Deposition Model for Simulating Asteroid Response to a Nuclear Planetary Defense Mitigation Mission. The Planetary Science Journal, v. 4, n. 12, p. 243, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 27 dez 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. O que uma explosão nuclear realmente faria a um asteroide?. Ciência Mundo, dez 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.