Há tempos, cientistas e filósofos questionam como foi a origem e a expansão da vida no Universo.
Uma das teorias mais fascinantes é a panspermia, que sugere que a vida pode viajar de um planeta para outro através de cometas e asteroides.
No entanto, uma hipótese ainda mais surpreendente sugere que a poeira cósmica pode também ser um veículo para a disseminação da vida entre sistemas estelares.
Uma pesquisa recente, conduzida pelo físico Z.N. Osmanov, da Universidade Livre de Tbilisi, na Geórgia, investiga essa teoria fascinante (OSMANOV, 2024).
Osmanov explora a ideia de que os grãos de poeira planetária, que são partículas microscópicas presentes no espaço interestelar, podem ser veículos potenciais para a disseminação da vida pelo Universo.
Os grãos de poeira planetária são pequenos fragmentos de material rochoso que se originam de corpos celestes como planetas, asteroides e cometas.
Eles são abundantes no espaço interestelar e podem viajar longas distâncias entre os sistemas estelares.
Osmanov propõe que, se a vida existir em um planeta, esses grãos de poeira podem capturá-la e transportá-la pelo espaço.
A teoria de Osmanov sugere que os grãos de poeira planetária podem escapar da atração gravitacional de um planeta e serem impulsionados para fora do sistema estelar por meio da pressão da radiação estelar.
Uma vez livres do campo gravitacional de seu planeta de origem, esses grãos de poeira podem vagar pelo espaço interestelar, carregando consigo os blocos de construção da vida ou até a própria vida.
Mas como exatamente a vida pode sobreviver em um grão de poeira planetária durante sua jornada pelo espaço?
Osmanov afirma que somente uma forma de vida extremamente resistente sobreviveria às condições adversas do espaço interestelar, incluindo radiação cósmica e temperaturas extremas – algo que ele acha difícil, mas não impossível.
No entanto, ele também levanta a possibilidade de que moléculas complexas, que podem servir como a base para a vida, possam ser transportadas pelos grãos de poeira e eventualmente levar ao surgimento da vida em outro planeta.
Osmanov calcula que, ao longo de bilhões de anos, os grãos de poeira planetária podem viajar vastas distâncias e alcançar inúmeros sistemas estelares.
Se essa teoria estiver correta, isso significa que a vida pode estar presente em toda a galáxia, disseminada por grãos de poeira planetária que viajam pelo cosmos.
Críticas a teoria da panspermia via poeira cósmica
A teoria de Osmanov sobre panspermia por meio de grãos de poeira planetária recebeu várias críticas que questionam sua plausibilidade.
Primeiramente, a viabilidade da sobrevivência da vida ou de seus precursores em grãos de poeira planetária durante viagens interestelares é altamente improvável devido ao ambiente hostil do espaço, caracterizado por radiação cósmica intensa, temperaturas extremas e impactos de micrometeoroides.
Além disso, a proposta de que os grãos de poeira planetária possam escapar da atração gravitacional de um planeta e serem impulsionados para fora do sistema estelar pela pressão da radiação estelar é questionável, pois os efeitos da radiação sobre partículas tão pequenas podem não ser suficientes para fornecer a velocidade de escape necessária.
Outro ponto a considerar é a baixa probabilidade de que os grãos de poeira planetária sejam capturados por outro sistema estelar e entreguem com sucesso sua carga de vida ou precursores da vida a um planeta hospedeiro.
As chances de um grão de poeira planetária encontrar e ser capturado por um planeta habitável dentro de um sistema estelar distante são extremamente remotas.
De uma forma geral, os críticos da teoria de Osmanov afirmam que esta hipótese carece de evidências sólidas que a sustentem.
Até o momento, não foram encontradas amostras de vida em grãos de poeira planetária ou qualquer outra prova direta de panspermia interestelar.
Assim, embora a teoria de Osmanov seja intrigante, sua plausibilidade é questionável devido aos desafios científicos e às incertezas envolvidas.
Por enquanto, os cientistas exploraram essa ideia fascinante apenas em simulações computacionais e experimentos de laboratório.
De qualquer forma, se essa teoria for confirmada, ela terá implicações profundas não apenas para nossa compreensão da vida na Terra, mas também para a busca por vida em outros planetas e sistemas estelares além do nosso.
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Referências
OSMANOV, Zaza N. The possibility of panspermia in the deep cosmos by means of the planetary dust grains. arXiv preprint arXiv:2402.04990, 2024.. Disponível em: <link>. Acesso em: 18 fev 2024.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. A vida se espalha pelo espaço em partículas de poeira, sugere estudo. Ciência Mundo, fev 2024. Disponível em: . Acesso em: 28 fev 2024.
Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.
