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Análise computacional sugere que o vulcanismo matou os dinossauros, não um asteroide

Simulação aponta para erupções vulcânicas como principal causa da extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos.

Análise computacional sugere que o vulcanismo matou os dinossauros, não um asteroide -

Imagem: Arte "Dinossauro, vulcão e meteoro" - Adaptação de Jim Cooper em Pixabay-min.

A verdadeira causa da extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos tem sido objeto de debate científico por décadas. 

Recentemente, pesquisadores realizaram uma grande simulação computacional para tentar responder a essa pergunta de maneira mais precisa e imparcial (COX, 2023).

Atualmente, duas teorias principais competem para explicar o fim dos dinossauros:  

– O Impacto de um asteroide ou cometa;
– Erupções vulcânicas ocorridas nas Armadilhas do Deccan.

    Ambos os eventos têm evidências para apoiá-los, com argumentos muito bem formados. 

    Impacto de um Asteroide ou Cometa

    A teoria mais amplamente aceita é a de que um asteroide ou cometa de grande porte colidiu com a Terra, formando a cratera de Chicxulub, localizada na península de Yucatán, no México. 

    O impacto teria gerado enormes quantidades de energia, criado incêndios florestais em larga escala, lançado poeira e detritos na atmosfera, bloqueando a luz solar e causando um resfriamento global repentino. 

    Isso teria afetado a fotossíntese das plantas e a cadeia alimentar, levando à extinção em massa.

    Armadilhas do Deccan

    As Armadilhas do Deccan são extensas formações vulcânicas na região do planalto de Deccan, na Índia, resultantes de erupções volumosas e prolongadas que ocorreram há milhões de anos, durante o período Cretáceo. 

    Essas erupções liberaram grandes quantidades de lava e gases na atmosfera, contribuindo para mudanças climáticas e possivelmente desempenhando um papel na extinção em massa ocorrida nessa época. 

    As Armadilhas do Deccan compreendem outra teoria para explicar a extinção dos dinossauros.

    Asteroide vs Vulcões

    No atual estudo, os pesquisadores usaram uma abordagem estatística chamada “Monte Carlo via Cadeia de Markov” para analisar dados geológicos e climáticos. 

    Esta técnica envolveu 128 computadores trabalhando em paralelo para considerar diferentes cenários de emissões de gases das duas hipóteses em questão.

    Os resultados indicam que as erupções das Armadilhas do Deccan, que duraram cerca de um milhão de anos e liberaram quantidades massivas de gases na atmosfera, podem ter sido o principal culpado pela extinção em massa. 

    Especificamente, os gases lançados teriam causado mudanças significativas nas temperaturas globais e no ciclo do carbono, o que afetou negativamente a vida na Terra.

    Por outro lado, o impacto do asteroide que formou a cratera de Chicxulub, no que é hoje o México, não parece ter contribuído significativamente com a liberação de gases prejudiciais. 

    Isso sugere que, embora o impacto tenha causado outros efeitos devastadores, como a liberação de nuvens de poeira e fuligem que bloquearam a luz solar e causaram invernos rigorosos, ele pode não ter sido o principal fator por trás da extinção em massa.

    No entanto, é importante notar que essa pesquisa não encerra o debate de forma definitiva. 

    Alguns críticos questionam a validade das conclusões, argumentando que as conchas de foraminíferos usadas como proxy para as condições climáticas antigas podem ser influenciadas por outros fatores além da temperatura, tornando os resultados menos conclusivos.

    Outros pesquisadores que não participaram deste trabalho argumentaram que, mesmo que as erupções vulcânicas tenham liberado mais gases, a velocidade com que o impacto de um asteroide contamina a atmosfera teria, certamente, efeitos mais devastadores do que erupções vulcânicas, independentemente da quantidade total liberada.

    De qualquer forma, esta pesquisa computacional fornece uma nova perspectiva, apesar de não oferecer uma resposta definitiva.

    Assim, a extinção dos dinossauros continua sendo um mistério intrigante, que ainda depende de novas descobertas em trabalhos futuros.

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    Referências

    COX, Alex; KELLER, C. Brenhin. A Bayesian Inversion for Emissions and Export Productivity across the Cretaceous-Paleogene Boundary. Sciences. 381, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 1 out 2023.

    Cite-nos

    SANTOS, Fábio. Análise computacional sugere que o vulcanismo matou os dinossauros, não um asteroide. Ciência Mundo, out 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


    Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.