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Diamantes rosa surgiram da destruição de um supercontinente

Muitos dos diamantes rosa do mundo podem ter surgido da dissolução do supercontinente Nuna, revela estudo.

Diamantes rosa surgiram da destruição de um supercontinente -

Imagem: Arte "Diamante rosa" por Ciência Mundo

Um estudo recente revelou que 90% dos diamantes rosa naturais pode ter se originado devido à quebra do supercontinente Nuna (OLIEROOK, 2023).

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após estudarem os diamantes da mina de Argyle, localizada na Austrália Ocidental, conhecida por ser a maior fonte de diamantes naturais do mundo. 

A análise sugere que as rochas diamantíferas desta mina se formaram aproximadamente 1,3 bilhão de anos atrás, ao longo de uma zona de rift que dividiu o supercontinente Nuna em partes. 

Esta descoberta levanta a possibilidade de que a exploração de zonas de rift antigas poderia ser uma estratégia promissora para a busca por novas minas de diamantes.

Diferentemente do que se observa na superfície da Terra, onde os átomos de carbono tendem a se agrupar na forma de grafite, os diamantes se formam nas profundezas do manto terrestre sob condições extremas, resultando em gemas densas e duras. 

Para que os diamantes rosas se formem, é necessário um processo que vá além das condições normais do manto, alterando a estrutura cristalina do carbono e afetando sua capacidade de absorver e refletir a luz.

Outro aspecto intrigante da mina de Argyle é que os tubos de lamprófiro presentes ali são diferentes dos kimberlitos, que são normalmente associados à formação de diamantes. 

Os lamprófiros são geralmente considerados formações mais rasas e, portanto, menos propensas a conter quantidades significativas de diamantes. 

A exceção notável é a mina de Argyle, que produziu uma quantidade substancial de diamantes.

Para esclarecer a origem e idade dos diamantes de Argyle, os pesquisadores dataram minerais presentes nos lamprófiros, como a apatita, o zircão e a titanita. 

Essas análises revelaram que a formação dos lamprófiros de Argyle ocorreu cerca de 1,3 bilhão de anos atrás, cerca de 100 milhões de anos antes das estimativas anteriores.

A conexão entre a idade dos lamprófiros e a quebra do supercontinente Nuna é a chave para entender a origem dos diamantes rosas de Argyle.

A mina está localizada em uma antiga sutura continental, onde duas placas tectônicas colidiram e se fundiram há aproximadamente 1,8 bilhão de anos. 

Essa colisão pode ter desempenhado um papel crucial na coloração rosada dos diamantes de Argyle. 

Cerca de 500 milhões de anos após a divisão do supercontinente Nuna, a sutura se abriu, permitindo que magmas lamprófiros, ricos em diamantes rosas, ascenderem à superfície da Terra.

Embora a pesquisa sugira que o processo de rifte pode ser um mecanismo para trazer diamantes das profundezas do manto à superfície, ainda não está claro por que os lamprófiros de Argyle são os únicos conhecidos por conter quantidades significativas de diamantes. 

Em 2020, a mina de Argyle encerrou sua produção de diamantes após a exploração dos depósitos economicamente viáveis. 

O potencial de descoberta de outras formações lamprofilitas semelhantes permanece uma incógnita, com a possibilidade de que mais depósitos de diamantes rosas aguardem nas profundezas das antigas zonas de rift, aguardando sua revelação.

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Vídeos

CIENTISTAS DESVENDAM O MISTÉRIO DOS DIAMANTES ROSA
CIENTISTAS DESVENDAM O MISTÉRIO DOS DIAMANTES ROSA.
Vídeo: Canal “Ciência News” em Youtube.

Referências

OLIEROOK, Hugo et al. Emplacement of the Argyle diamond deposit into an ancient rift zone. Nature, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em:20 set 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Diamantes rosa surgiram da destruição de um supercontinente. Ciência Mundo, set 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.