As constelações são padrões aparentes de estrelas no céu noturno, que foram identificados e nomeados por diferentes culturas ao longo da história.
Esses agrupamentos de estrelas muitas vezes formam figuras mitológicas e padrões celestiais — como o Leão, o caçador Orion, o cavalo Pégaso, e tantos outros — que sempre inspiraram a imaginação dos povos antigos.
No entanto, algumas dessas formações estelares exigem um toque especial de imaginação para se tornarem visíveis, como o cavalo alado Pégaso ou o Telescopium.
Recentemente, uma descoberta na entrada de um antigo forte em Rupinpiccolo, nordeste da Itália, trouxe à luz dois discos de pedra intrigantes, que estão exigindo um pouco dessa imaginação (MOLARO, 2023).
Esses discos, datados entre 1800 e 400 a.C., exibem uma série de marcas que desafiam a interpretação convencional das constelações.
Ao examinar essas marcas, uma equipe de pesquisadores identificou uma correspondência surpreendente com 28 estrelas brilhantes no céu noturno.
As marcações, que inicialmente pareciam ser simples entalhes, foram cuidadosamente analisadas pelos cientistas Paolo Molaro e Federico Bernardini.
Eles descobriram que essas figuras revelam uma possível representação do céu noturno ancestral.
Dentro das 29 marcas presentes nos discos de pedra, nove delas coincidem com a cauda de Escorpião, cinco representam Orion (incluindo as estrelas do cinto, Betelgeuse e Rigel), e outras nove parecem alinhar-se com o aglomerado estelar das Pleiades.
No verso do disco, cinco marcas adicionais podem representar a constelação de Cassiopeia.
A surpreendente precisão das correspondências estelares levanta a possibilidade de que esses discos de pedra sejam, de fato, um dos mapas celestes mais antigos já descobertos.
A análise estatística realizada pelos pesquisadores sugere que as marcações não são meramente coincidências, mas sim representações intencionais das estrelas naquela época.
Contudo, há um mistério intrigante. Uma marca ao norte de Orion permanece não identificada, sugerindo a possibilidade de representar uma nova ou supernova não registrada em outros lugares.
Esta incógnita, próximo a Mu Orionis e Epsilon Sagittarii, sugere que o mapa pode conter segredos cósmicos ainda não desvendados.
A pesquisa de Molaro e Bernardini, embora sugira fortemente a autenticidade do mapa estelar, destaca algumas lacunas notáveis.
A ausência de algumas estrelas proeminentes e a presença de um objeto não identificado introduzem uma nota de cautela na interpretação, ressaltando a complexidade e a necessidade de estudos futuros.
Se, de fato, essas marcações mapeiam as estrelas, estamos diante de um dos mais antigos registros cartográficos celestes já encontrados.
Pode ser que os segredos do céu antigo estejam gravados nessas pedras, esperando pacientemente a milênios para serem decifrados pelos olhos curiosos do presente.
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Referências
MOLARO, Paolo; BERNARDINI, Federico. Possible stellar asterisms carved on a protohistoric stone. Astronomische Nachrichten, p. e20220108, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 6 jan 2024.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. O mapa mais antigo do céu contém uma estrela misteriosa. Ciência Mundo, jan 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.