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Em um século, a maior parte da comunicação na Terra não será biológica

Até 2120, o crescimento exponencial da tecnosfera trará desafios ecológicos. Seria essa uma tendência das civilizações mais desenvolvidas?

Em um século, a maior parte da comunicação na Terra não será biológica -

Imagem:  Anete Lusina em Pexels..

A vida na Terra é um intrincado balé de trocas de informações.

Desde o canto dos pássaros nos quintais até as complexas interações químicas das árvores nas florestas, a comunicação entre os seres vivos é uma parte essencial da existência e evolução de nosso planeta. 

No entanto, um novo fenômeno está surgindo e poderá redefinir radicalmente essa dança cósmica: a ascensão da tecnosfera.

O termo “tecnosfera” se refere à soma de todas as informações digitais trocadas pelos seres humanos. 

Em contrapartida, a biosfera engloba as interações biológicas que ocorrem na Terra. 

Em um trabalho recente, pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Flórida, tentam quantificar as taxas de transmissão de informação associada à biosfera e à tecnosfera da Terra.

Atualmente, a tecnosfera representa apenas uma fração minúscula da troca global de informações, cerca de um bilionésimo do total. 

No entanto, segundo os pesquisadores, os modelos simulados mostram que os dados digitais estão crescendo exponencialmente, e se essa tendência persistir, em menos de um século, a tecnosfera pode superar a biosfera em termos de troca de informações.

Mas por que isso é relevante?

Primeiramente, é importante entender que a troca de dados é uma atividade que requer energia

Se olharmos para a Terra como um sistema, a maior parte da energia atualmente é direcionada para a biosfera, onde organismos vivos trocam informações de várias maneiras, desde interações químicas até comunicação entre espécies. 

No entanto, à medida que a tecnosfera cresce, a alocação de energia pode começar a mudar, o que pode ter implicações para a vida não humana na Terra. 

Os seres humanos já exercem uma influência significativa na biodiversidade e no clima global do planeta. 

Se continuarmos a crescer exponencialmente nossa tecnosfera, precisaremos cada vez mais de espaço e energia, comprometendo os recursos de dados biológicos disponíveis para a vida não humana, afetando ecossistemas e o equilíbrio da natureza.

Seria essa uma tendência das civilizações mais avançadas? Deveríamos considerar esse aspecto na busca por vida alienígena?

Essa mudança na alocação de energia tem implicações significativas, já que, para um observador externo, o nosso planeta perderá sua aparência biológica para se tornar um mundo tecnológico. 

Se essa tendência for comum em civilizações avançadas, poderíamos usar essa mudança na alocação de energia como um indicador de vida inteligente em outros planetas. 

Em vez de procurar por sinais biológicos, como os que ocorrem na Terra, poderíamos procurar por uma assinatura (térmica talvez) distintamente artificial, indicando a presença de uma tecnosfera em ascensão.

Conclusão

A ascensão da tecnosfera é um fenômeno notável que está moldando o futuro da comunicação na Terra e pode ter implicações profundas para nossa busca por vida alienígena e para o próprio equilíbrio ecológico do nosso planeta. 

À medida que a tecnologia avança e nossos dados digitais se multiplicam, é crucial que consideremos os impactos dessa transformação e busquemos maneiras de equilibrar o desenvolvimento tecnológico com a preservação da biodiversidade e da saúde do planeta, se quisermos continuar a ser seres biológicos. 

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Referências

LINGAM, Manasvi; FRANK, Adam; BALBI, Amedeo. Planetary Scale Information Transmission in the Biosphere and Technosphere: Limits and Evolution. Life, v. 13, n. 9, p. 1850, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 12 set 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Em um século, a maior parte da comunicação na Terra não será biológica. Ciência Mundo, set 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.