Recentemente, pesquisadores descobriram um objeto que está desafiando nossas noções do que é possível no Universo.
Trata-se de uma anã marrom — um objeto que está no limite entre planetas e estrelas — orbitando uma estrela a 1.400 anos-luz da Terra.
No entanto, essa anã marrom está localizada em uma órbita tão próxima de sua estrela hospedeira que sua temperatura ultrapassa incríveis 8.000 Kelvin!
Essa descoberta inusitada o torna o objeto mais quente de seu tipo já encontrado, superando até mesmo a temperatura da superfície do Sol.
As anãs marrons são objetos celestes que possuem características intermediárias entre planetas e estrelas.
Elas tendem a ser mais quentes que os planetas, mas não são capazes de atingir temperaturas tão altas, pois não possuem reações de fusão em seu núcleo.
Essa notável anã marrom, nomeada WD0032-317B, foi descoberta por uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pela astrofísica Na’ama Hallakoun, do Instituto Weizmann de Ciência em Israel, orbitando uma estrela anã branca chamada WD0032-317 (HALLAKOUN, 2023).
Características da anã marrom WD0032-317B
WD0032-317B tem massa entre 75 e 88 vezes a de Júpiter e seu período orbital ao redor de sua estrela é de apenas 2,3 horas!
Mas a característica mais impressionante dessa anã marrom é sem dúvida sua temperatura.
Dependendo do modelo utilizado para o núcleo da anã branca, o lado diurno aquecido do anão marrom apresenta temperaturas entre 7.250 e 9.800 Kelvin, tão quente quanto uma estrela do tipo A.
Por outro lado, o lado noturno da anã marrom possui temperaturas entre 1.300 e 3.000 Kelvin.
Essa diferença de temperatura de 6.000 Kelvin é quatro vezes maior do que a diferença observada em outro exoplaneta extraordinário chamado KELT-9b, que orbita uma estrela supergigante azul, que aquece o lado diurno do exoplaneta a temperaturas superiores a 4.600 Kelvin.
Qual a importância dessa descoberta?
Segundo os astrônomos,essa descoberta tem implicações significativas para o estudo de objetos celestes em ambientes extremos.
A observação de gigantes gasosos semelhantes a Júpiter que orbitam estrelas extremamente quentes e massivas é desafiadora devido à dificuldade de distinguir os sinais do exoplaneta da atividade estelar.
No entanto, o estudo de anões marrons em sistemas binários com anãs brancas pode fornecer insights valiosos sobre esses ambientes extremos e ajudar a compreender como estrelas extremamente quentes podem evaporar seus companheiros de menor massa.
Através da compreensão desses ambientes extremos, podemos ampliar nosso conhecimento sobre a diversidade e a dinâmica dos objetos no Universo.
Vídeos
…
Referências
HALLAKOUN, Na’ama et al. An irradiated-Jupiter analogue hotter than the Sun. arXiv preprint arXiv:2306.08672, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 19 jun 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Objeto recém-descoberto “semelhante a Júpiter” é mais quente que o Sol. Ciência Mundo, jun 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.