Antigos fósseis de ictiossauros encontrados na remota ilha ártica de Spitsbergen, na Noruega, sugerem que esses répteis marinhos pré-históricos vagaram pelos oceanos da Terra por muito mais tempo do que se pensava (KEAR, 2023).
Os ossos encontrados datam de 250 milhões de anos, o que representa a evidência mais antiga de ictiossauros já descoberta.
Além disso, a espécie representada pelos ossos já era grande e bem adaptada à vida marinha, em um momento em que se pensava que a forma de ictiossauro ainda não tinha surgido no mundo.
Antes da descoberta destes fósseis, acreditava-se que os ictiossauros haviam surgido após o evento de extinção em massa do Permiano-Triássico, que ocorreu há cerca de 251,9 milhões de anos.
A descoberta destes fósseis sugere que essa linha do tempo precisa ser reconsiderada.
É possível que os ictiossauros tenham aparecido antes do evento de extinção, em vez de terem evoluído como resultado dele, como se pensava anteriormente.
Esses répteis marinhos evoluíram a partir de criaturas que viviam na terra e retornaram ao mar no início do Triássico.
Eles prosperaram até o final do Cretáceo, quando um clima em mudança e a lentidão em se adaptar levaram ao fim de sua era, há cerca de 95 milhões de anos.
Embora sua origem terrestre, os répteis rapidamente se adaptaram à vida na água: suas pernas se tornaram barbatanas, seus focinhos se alongaram e foram preenchidos com dentes que caçavam peixes, e seus ossos se tornaram esponjosos como os dos cetáceos modernos.
Felizmente, o registro fóssil dos ictiossauros é rico, com uma abundância de restos fossilizados, fornecendo aos paleontólogos uma grande quantidade de informações para rastrear sua linha do tempo.
No entanto, a descoberta em Spitsbergen pode mudar a história de sua origem.
Os fósseis descobertos se assemelham aos ossos de ictiossauros que vieram muito depois na história, indicando que o animal já estava completamente adaptado à vida como um réptil 2 milhões de anos após o evento de extinção em massa.
Isso é muito mais cedo do que se pensava. Dado que os répteis marinhos levaram entre 1,7 e 17,7 milhões de anos para se diversificar, é possível que os ictiossauros tenham invadido os oceanos do mundo muito antes do maior evento de extinção na história da Terra.
Esses fósseis também levantam questões sobre como os ictiossauros se diversificaram em diferentes nichos ecológicos após o evento de extinção em massa.
É possível que tenham havido oportunidades para a diversificação de nichos tróficos ecológicos e a diferenciação em habitats dominados por anfíbios em águas rasas, versus habitats dominados por ictiossauros em águas mais profundas, durante a dispersão dos tetrápodes.
Os fósseis foram encontrados por uma equipe de paleontólogos liderada por Benjamin Kear, da Universidade de Uppsala, na Suécia.
Eles escavaram 11 vértebras articuladas da cauda de um ictiossauro adulto.
Essa descoberta é importante para a paleontologia e para a nossa compreensão da história da vida na Terra.
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Referências
KEAR, Benjamin P. et al. Earliest Triassic ichthyosaur fossils push back oceanic reptile origins. Current Biology, v. 33, n. 5, p. R178-R179, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 30 mar 2023.
Notícias
Oldest Ichthyosaur Known to Science Discovered on Remote Arctic Island. Science News, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 30 mar 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Fóssil mais antigo de Ictiossauro é descoberto em uma ilha do Ártico. Ciência Mundo, mar 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.