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Por que o Universo pode ser um holograma?

Hipótese propõe que o Universo pode residir numa superfície e não em um volume através de uma conexão holográfica entre gravidade e física quântica.

Por que o Universo pode ser um holograma? -

Imagem: Arte "Hologramas" por Ciência Mundo

Há um quarto de século, o físico Juan Maldacena apresentou ao mundo a intrigante proposta da correspondência AdS/CFT, uma conexão holográfica entre a gravidade em um Universo tridimensional e a física quântica na fronteira bidimensional desse Universo. 

Nesse cenário, a gravidade seria, de certa forma, traduzida em fenômenos quânticos na superfície do Universo. 

Um quarto de século depois, essa correspondência permanece uma sugestão fascinante sobre a natureza fundamental do cosmos.

A ideia central é tentadora: a física que governa o volume do Universo pode ser espelhada e compreendida na física da sua superfície. 

No entanto, mesmo que essa correspondência ainda seja uma incógnita, sua simples existência levanta questões profundas sobre a natureza da gravidade, uma força que, por séculos, foi considerada apenas mais uma interação entre entidades cósmicas.

A gravidade, conforme delineada por Kepler, Newton e Einstein, transcende sua mera caracterização como uma força. 

É a essência do próprio espaço-tempo, uma dança intricada entre matéria, energia, espaço e tempo

A visão de Einstein, que descreve a gravidade não como forças convencionais, mas como curvaturas no tecido do Universo, ainda ressoa como uma compreensão profunda e revolucionária.

No entanto, a busca por uma teoria quântica da gravidade, que una as leis da relatividade geral de Einstein com os princípios da física quântica, continua a ser esquiva. 

O desafio persiste em desvendar os mistérios nos confins de um buraco negro, onde as leis conhecidas da física parecem colidir com os enigmas quânticos.

A correspondência AdS/CFT emerge como uma sugestão intrigante nesse cenário desafiador. 

Ao considerar buracos negros e a relação entre a teoria das cordas e a física quântica, ela sugere que as entidades físicas tridimensionais podem ser mais superficiais do que aparentam. 

Em vez de serem descritas em sua totalidade, os buracos negros podem ser compreendidos apenas por suas fronteiras, suas superfícies.

Esse conceito, que a natureza tridimensional das coisas pode ser simplificada para uma descrição holográfica em duas dimensões, traz consigo implicações significativas. 

Não apenas desafia nossa compreensão convencional da gravidade, mas também oferece um vislumbre de como a teoria das cordas, uma das candidatas mais promissoras para uma teoria unificada da física, pode encontrar sua glória nessa intricada dança entre a gravidade e a mecânica quântica.

À medida que exploramos os limites do conhecimento científico, somos confrontados com a dualidade fascinante entre o vasto volume do Universo e a potencial simplicidade de sua superfície holográfica. 

A correspondência AdS/CFT, mesmo sendo uma conjectura, aponta para algo fundamental sobre a natureza da realidade que ainda estamos por desvendar completamente.

Enquanto continuamos nossa busca por respostas, o Universo holográfico permanece como um convite intrigante para explorar os mistérios cósmicos mais profundos. 

A gravidade, que uma vez consideramos uma força isolada, revela-se como o tecido mesmo do espaço-tempo, um espaço onde as dimensões se entrelaçam em uma dança cósmica que desafia as fronteiras da compreensão humana. 

O caminho para a glória da teoria das cordas pode muito bem estar inscrito nas sombras de buracos negros e nos contornos de uma realidade holográfica que ainda está por se revelar completamente.

Este texto é uma compilação de Universe Today.

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Cite-nos

SANTOS, Fábio. Por que o Universo pode ser um holograma?. Ciência Mundo, dez 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.