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O Universo pode ser mais jovem do que pensávamos, sugere movimento de galáxias

Galáxias satélites sugerem que o Universo pode ser mais jovem do que imaginávamos, desafiando o Modelo Padrão de cosmologia.

O Universo pode ser mais jovem do que pensávamos, sugere movimento de galáxias -

Imagem: Arte "Galáxias em expansão" por Ciência Mundo

A idade do Universo, estabelecida atualmente em 13,8 bilhões de anos, está sendo desafiada por uma intrigante descoberta relacionada ao movimento de galáxias. 

Um recente estudo realizado por astrônomos do Observatório Astronômico Nacional da Academia Chinesa de Ciências revela que o Universo pode ser mais jovem do que se pensava, trazendo dúvidas sobre o Modelo Padrão de cosmologia.

A base para nossa compreensão da idade do Universo é fundamentada em medições da radiação de fundo cósmico em micro-ondas realizadas pela sonda espacial Planck da Agência Espacial Europeia

Essas medições, que estabelecem o Universo em cerca de 13,8 bilhões de anos, são fundamentais para o Modelo Padrão, que descreve um universo plano dominado por energia escura e matéria escura, em expansão acelerada.

Para entender melhor o desenvolvimento em larga escala do Universo, incluindo a formação de galáxias e aglomerados galácticos, utilizamos simulações realizadas em supercomputadores, baseadas no Modelo Padrão.

No entanto, surgiram contradições entre esses modelos e novas medições que observam os movimentos de pares de galáxias orbitando um ponto de massa comum. 

Essas observações não coincidem com as previsões das simulações, lançando dúvidas sobre a precisão do Modelo Padrão em descrever completamente a dinâmica do Universo em grande escala.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores conduziram um estudo focado em pares de satélites em grupos de galáxias. 

Esses grupos são coleções menores de galáxias, como o nosso próprio Grupo Local, com algumas galáxias grandes no centro acompanhadas por outras menores em órbita. 

Esses grupos são os pequenos filamentos da “teia cósmica” de matéria que permeia o Universo.

Os dados do Sloan Digital Sky Survey (SDSS) foram cruciais nessa pesquisa, com observações de 813 grupos de galáxias a aproximadamente 600 milhões de anos-luz da Terra.

Ao analisar esses dados, a equipe concentrou-se na galáxia mais massiva de cada grupo. 

O objetivo era medir como pares de satélites em lados opostos dessa galáxia se moviam. 

Surpreendentemente, descobriram que a fração de satélites que se moviam em sentidos opostos era maior do que previsto pelos modelos computacionais.

Isso sugere que essas galáxias satélites caíram recentemente em órbita ao redor da galáxia principal do grupo. 

Entretanto, ao longo do tempo, esses grupos deveriam atingir um estado mais relaxado, com a maioria dos satélites movendo-se na mesma direção. 

O fato de isso não ocorrer como previsto é um desafio para o Modelo Padrão.

Segundo os pesquisadores, os dados indicam que as galáxias satélites estão ainda se juntando aos grupos, o que contradiz as simulações que utilizam os parâmetros do Planck. 

Isso leva a uma intrigante conclusão: o Universo pode ser mais jovem do que sugere a observação da radiação cósmica de fundo em micro-ondas pelo Planck. 

No entanto, é importante destacar que este estudo não fornece uma estimativa quantitativa da idade do universo.

Essas descobertas podem estar relacionadas ao famoso problema da tensão de Hubble, onde a taxa de expansão do Universo, expressa pela constante de Hubble, diverge quando as medidas são feitas por diferentes métodos. 

A sugestão de uma idade mais jovem do Universo pelo atual estudo poderia ser uma “ilusão dessa tensão”.

Por isso, os próprios pesquisadores acreditam que esta teoria tem muitos desafios a serem superados. 

Reduzir muito a idade do Universo pode levar a complicações, como estrelas mais antigas que o próprio Universo, por exemplo. 

Além disso, a dependência do Modelo Padrão da matéria escura, cuja natureza ainda é desconhecida, adiciona complexidade ao cenário.

São necessários mais dados, especialmente de grupos de galáxias maiores, para confirmar ou refutar essas descobertas. 

Em última análise, a compreensão da verdadeira idade do Universo pode nos levar a reavaliar e aprimorar nosso conhecimento sobre os princípios fundamentais da cosmologia.

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Referências

GU, Qing et al. A younger Universe implied by satellite pair correlations from SDSS observations of massive galaxy groups. Nature Astronomy, p. 1-7, 2024. Disponível em: <link>. Acesso em: 29 jan 2024.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. O Universo pode ser mais jovem do que pensávamos, sugere movimento de galáxias. Ciência Mundo, jan 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.