Um cineasta da vida selvagem e um estudante de biologia registraram, pela primeira vez, imagens de um filhote recém-nascido de tubarão-branco.
O avistamento foi feito na costa de Santa Bárbara, na Califórnia, onde um jovem tubarão-branco surgiu a 500 metros da costa.
O cineasta Carlos Gauna foi o responsável por capturar as imagens impressionantes por meio de um drone, revelando um espetáculo surpreendente para a comunidade científica (veja no final do vídeo, logo abaixo).
O filhote, com seus dois olhos escuros visíveis acima da superfície do oceano e um corpo branco leitoso abaixo, inicialmente poderia ser confundido com um dugongo ou peixe-boi.
No entanto, características distintas, como o focinho proeminente, corpo elegante e a barbatana caudal angular, deixam claro que se trata de um tubarão-branco, uma espécie conhecida pela sua presença imponente nos oceanos.
O avistamento do filhote ocorreu após Gauna notar diversas fêmeas grávidas na mesma área dias antes.
“Neste dia, uma delas mergulhou, e pouco depois, este tubarão completamente branco aparece”, explicou Gaunat.
A conexão entre a aparição do filhote e a presença de fêmeas grávidas aumenta a probabilidade de que seja, de fato, um recém-nascido.
Embora ainda não confirmado como um filhote recém-nascido de tubarão-branco, Gauna e Phillip Sternes – biólogo de tubarões da Universidade da Califórnia Riverside – publicaram suas descobertas em um periódico recentemente (GAUNA, 2024).
A descrição detalhada do filhote sugere que poderia ter apenas alguns dias ou até mesmo horas de vida, considerando sua aparência.
Mas essa descoberta não ocorre isoladamente. Em 2020, relatos de um tubarão-branco com apenas um metro de comprimento – considerado o menor já registrado – foram documentados na costa do Pacífico, próximo à fronteira entre os EUA e o México, indicando a existência de populações juvenis nas proximidades.
Phillip Sternes enfatiza a importância da descoberta, afirmando: “Pode muito bem ser a primeira evidência que temos de um filhote na natureza, tornando este um local de nascimento definitivo.”
O fato de ninguém ter testemunhado o nascimento ou avistado filhotes recém-nascidos na natureza previamente torna essa descoberta ainda mais relevante para a compreensão da biologia reprodutiva dos tubarões-brancos.
Para Sternes, a aparência extremamente reduzida do filhote e suas barbatanas arredondadas, semelhantes às de embriões de tubarões próximos ao nascimento, sugerem que ele nasceu pouco antes da chegada do drone.
Os pesquisadores também observaram um líquido esbranquiçado que se desprendia enquanto o filhote nadava, indicando que poderia estar descartando sua camada embrionária.
No entanto, existem explicações alternativas que demandam mais investigação.
Por exemplo, o tubarão poderia ter um distúrbio cutâneo desconhecido, resultando na descamação da pele, ou estar coberto por algum crescimento microbiano esbranquiçado. Uma possibilidade mais rara seria o albinismo.
Os pesquisadores agora esperam encontrar o mesmo indivíduo novamente para comparar possíveis mudanças em sua pele ao longo do tempo e estimar seu crescimento.
Com base nas imagens, Sternes e Gauna calculam que o filhote media aproximadamente 1,5 metros, uma medida condizente com tubarões-brancos juvenis.
A conclusão deste estudo pode ter implicações significativas para a preservação dessas águas.
Sternes destaca a necessidade de mais pesquisas para confirmar se a região é de fato um local de reprodução para tubarões-brancos.
Em caso afirmativo, medidas de proteção seriam cruciais para garantir a continuidade do sucesso reprodutivo desses magníficos predadores.
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Referências
GAUNA, C. et al. Novel aerial observations of a possible newborn white shark (Carcharodon carcharias) in Southern California. Springer, 2024. Disponível em: <link>. Acesso em: 29 jan 2024.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Filhote de tubarão-branco recém-nascido é filmado pela primeira vez. Ciência Mundo, jan 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.