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Estrela “morre 5 vezes” e evento é usado para medir a expansão do Universo

A luz de um mesmo evento astronômico, que chegou à Terra através de várias rotas, possibilitou a criação de uma nova técnica para medir a expansão do Universo.

Estrela “morre 5 vezes” e evento é usado para medir a expansão do Universo - Lente gravitacional da supernova Refsdal.

Imagem: NASA

Em um novo estudo liderado pelo professor Patrick Kelly, da Universidade de Minnesota, foi desenvolvida uma nova técnica para medir a constante de Hubble, uma importante unidade de medida astronômica que descreve o quanto o Universo está se expandindo. 

Nessa nova técnica, os pesquisadores utilizaram a luz de uma estrela que explodiu e chegou à Terra através de várias rotas tortuosas pelo Universo em expansão

Esses resultados foram publicados nas revistas científicas Science e The Astrophysical Journal.

Desde a década de 1920, sabemos que o Universo está em expansão. 

No entanto, para medir essa expansão, é necessário determinar a distância até as galáxias, o que pode ser uma tarefa bastante desafiadora. 

Uma das maneiras de fazer isso é usando objetos celestes conhecidos como “velas padrão”. 

As velas padrão são objetos cujo brilho intrínseco é conhecido e, por isso, podem ser usadas para calcular sua distância.

As estrelas variáveis ​​Cefeidas são um exemplo de vela padrão. 

Descobertas pela astrônoma americana Henrietta Leavitt em 1908, essas estrelas variam seu brilho de maneira bem regular, e o período de brilho está relacionado à sua luminosidade intrínseca. 

Esse conhecimento, conhecido como Lei de Leavitt, permite que os cientistas usem as Cefeidas como velas padrão para calcular distâncias no espaço.

O problema é que diferentes métodos de medição da constante de Hubble levam a resultados discrepantes. 

Um desses métodos é o uso de Cefeidas em conjunto com uma supernova do tipo Ia

Outro método usa a radiação cósmica de fundo, que é a luz residual do Big Bang

Esses dois métodos apresentam uma diferença de quase 10% em seus resultados, o que é chamado pelos astrônomos de “tensão de Hubble”.

A nova técnica desenvolvida pelos pesquisadores usa uma famosa supernova chamada Refsdal, observada em 2014, que produziu várias imagens da mesma explosão cósmica através de uma “lente gravitacional”. 

Uma lente gravitacional é um efeito da gravidade que ocorre quando a luz de um objeto distante é curvada ao passar perto de um objeto massivo, como uma galáxia, criando imagens distorcidas ou múltiplas do objeto de fundo.

No caso de Refsdal, a luz da supernova foi desviada pelo enorme campo gravitacional de um grande aglomerado de galáxias, de modo que ela acabou chegando à Terra por múltiplas rotas.

Essas imagens da supernova Refsdal chegaram à Terra em momentos diferentes, o que permitiu medir quanto tempo a luz levou para viajar por cada uma das rotas. 

Com essa informação, os pesquisadores foram capazes de medir o crescimento do Universo enquanto as diferentes imagens da supernova viajavam em direção à Terra.

Embora esses resultados não resolvam completamente a tensão de Hubble, eles fornecem mais informações e novas perguntas para os astrônomos. 

Essa nova técnica pode ser usada para medir distâncias no Universo de maneiras que não eram possíveis anteriormente, e os pesquisadores esperam que ela continue a ser aprimorada em futuros estudos.

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Vídeos

O MISTÉRIO SOBRE A TAXA DE EXPANSÃO DO UNIVERSO CONTINUA APÓS NOVO CÁLCULO ALTAMENTE PRECISO
O MISTÉRIO SOBRE A TAXA DE EXPANSÃO DO UNIVERSO CONTINUA APÓS NOVO CÁLCULO ALTAMENTE PRECISO.
Vídeo: Canal “Ciência News” em Youtube.

Referências

KELLY, Patrick L. et al. The Magnificent Five Images of Supernova Refsdal: Time Delay and Magnification Measurements. The Astrophysical Journal, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 maio 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Estrela “morre 5 vezes” e evento é usado para medir a expansão do Universo. Ciência Mundo, maio 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.