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Buracos negros supermassivos podem ter “surgido do nada”

Imagens do James Webb sugerem que buracos negros supermassivos podem ter nascido diretamente do colapso de nuvens de gás primordiais.

Buracos negros supermassivos podem ter “surgido do nada” -

Imagem: ESO / M. Kornmesser (CC BY 4.0 DEED)

Astrônomos descobriram recentemente um quasar excepcionalmente antigo, denominado UHZ-1, datado de 13,2 bilhões de anos atrás, aproximadamente 500 milhões de anos após o Big Bang (NATARAJAN, 2023)

Este quasar desafia as teorias convencionais sobre a origem dos buracos negros supermassivos, sugerindo que eles podem ter se formado a partir de nuvens primordiais de gás, pulando a fase de estrelas massivas. 

Com isso, os astrônomos acreditam ter encontrado uma nova categoria de objeto cósmico, denominada “galáxia de buraco negro supermassivo“, representada por UHZ-1.

A descoberta levanta questões sobre a evolução do Universo, especialmente em relação à presença generalizada de buracos negros supermassivos no centro das galáxias modernas. 

Tradicionalmente, acreditava-se que esses buracos negros se originavam a partir do colapso de estrelas massivas ao longo de eras cósmicas. 

No entanto, a rapidez com que UHZ-1 se formou desafia esse paradigma.

A hipótese dos pesquisadores, liderados pela astrônoma Priyamvada Natarajan, é que UHZ-1 e outros buracos negros supermassivos podem ter começado como nuvens primordiais que colapsaram em núcleos excepcionalmente pesados, acelerando o crescimento desses buracos negros galácticos. 

Isso sugere que a origem desses buracos negros pode ser mais diversificada do que se pensava anteriormente, envolvendo não apenas a morte estelar, mas também a formação direta a partir de nuvens de gás primordial.

Essa descoberta foi possível graças à combinação de observações do telescópio espacial James Webb e do Observatório de Raios-X Chandra da NASA

Os pesquisadores estudaram um aglomerado massivo de galáxias na constelação Sculptor, usando a massa do aglomerado como uma lente gravitacional para ampliar a visão do que está por trás dele no espaço e no tempo

Isso revelou UHZ-1 como o quasar mais distante e antigo já identificado.

A implicação mais ampla dessa descoberta é que os buracos negros supermassivos podem ter existido muito antes do que se pensava inicialmente, desafiando as teorias convencionais sobre sua formação e crescimento.

A ideia de que esses buracos negros começaram como sementes iniciais pesadas, originadas diretamente de nuvens primordiais, pode fornecer uma explicação alternativa para a presença ubíqua de buracos negros supermassivos em galáxias modernas.

Ainda há muitos mistérios a serem desvendados sobre a formação e evolução desses objetos cósmicos, mas a descoberta de UHZ-1 representa um passo significativo na compreensão da diversidade de caminhos pelos quais os buracos negros supermassivos podem ter surgido no Universo primordial.

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Referências

NATARAJAN, Priyamvada et al. First Detection of an Over-Massive Black Hole Galaxy: UHZ1–Evidence for Heavy Black Hole Seeds From Direct Collapse?. arXiv preprint arXiv:2308.02654, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 25 dez 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Buracos negros supermassivos podem ter “surgido do nada”. Ciência Mundo, dez 2023. Disponível em: . Acesso em: 28 fev 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.