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Antigas cidades amazônicas são as maiores já descobertas

Mapeamento a laser revelou antigas cidades amazônicas gigantes e misteriosas, construídas há 2.500 anos, desafiando a ideia de “floresta intocada”.

Antigas cidades amazônicas são as maiores já descobertas -

Imagem: Mapeamento a laser da cidade de Kunguints na Amazônia equatorial (Stéphen Rostain)

Uma civilização antiga misteriosa deixou sua marca na Amazônia entre 3000 e 1500 anos atrás, construindo uma intrincada rede de cidades e estradas que, até recentemente, permanecia oculta. 

Os resultados de um estudo, com dados de levantamento aéreo com tecnologia LIDAR, revelam as maiores cidades pré-coloniais já descobertas na Amazônia, desafiando a hipótese de que a região era pouco habitada antes da chegada de Cristóvão Colombo (ROSTAIN, 2024).

Plataformas elevadas do vale Upano no Equador obtidas por varredura aérea com tecnologia LIDAR.
Imagem: ROSTAIN.

A pesquisa, conduzida por Stéphen Rostain, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, ocorreu no vale Upano da Amazônia equatoriana e revelou mais de 6000 plataformas elevadas de terra, indicando a presença de antigas habitações de madeira. 

Essas estruturas, distribuídas em uma área de 300 quilômetros quadrados, são muito maiores do que outras encontradas na Amazônia e se assemelham em escala aos sítios maias.

Esses assentamentos precedem outras descobertas pré-colombianas na Amazônia e  desafiam a ideia de que a floresta amazônica permaneceu intocada até a chegada dos europeus no século 15.

A pesquisa revelou que os habitantes cultivavam milho, feijão, mandioca e batata-doce em campos drenados por pequenos canais. 

Cinco grandes assentamentos, caracterizados por plataformas de cerca de 10 por 20 metros e 2 metros de altura, sugerem uma disposição urbana única, lembrando “cidades-jardins” com poucas construções.

Uma descoberta notável foi a extensa rede de estradas retas, algumas com mais de 25 quilômetros. 

Um complexo de plataformas retangulares em Nijiamanch próximo ao penhasco do leito do rio Upano,no Equador.
Imagem: ROSTAIN.

Surpreendentemente, esses engenheiros primitivos desviaram-se de relevos naturais, cavando até 5 metros para manter as estradas retas. 

Esse esforço extra sugere um significado simbólico, pois não havia razão prática para tal precisão.

A pesquisa também aponta para sinais de defesas, como valas, indicando possíveis conflitos entre grupos. 

A ausência de evidências posteriores ao ano 1500 sugere que esses assentamentos foram abandonados antes da era colonial. 

Possíveis erupções vulcânicas, indicadas por camadas de cinzas encontradas, podem ter sido um fator contribuinte.

Para Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida, a complexidade desses assentamentos e a densidade populacional desse povo misterioso nessa época inicial é  comparável a civilizações mais conhecidas, como os maias. 

Charles Clement, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, classifica a descoberta como o maior complexo com grandes assentamentos já encontrado na Amazônia.

A descoberta dessas antigas cidades na Amazônia reescreve a arqueologia amazônica, revelando mais uma civilização pré-colombiana sofisticada que desapareceu misteriosamente na história, deixando para trás pistas intrigantes sobre seu passado.

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Vídeos

Arqueólogos encontram um complexo de cidades perdidas de 2.500 anos na Amazônia
Arqueólogos encontraram um complexo de cidades perdidas de 2.500 anos na Amazônia.
Vídeo: Canal “Universo Incomum” em Youtube.

Referências

ROSTAIN, S. et al. Two thousand years of garden urbanism in the Upper Amazon. Science, Vol 383, Issue 6679 pp. 183-189, 2024. Disponível em: <link>. Acesso em: 11 jan 2024.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Antigas cidades amazônicas são as maiores já descobertas. Ciência Mundo, jan 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.