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Pássaro Dodô pode voltar a existir, graças a um exemplar “preservado”

Cientistas anunciaram que o genoma do pássaro dodô foi pela primeira vez sequenciado, alimentando as esperanças de se trazer a ave de volta.

Pássaro Dodô pode voltar a existir, graças a um exemplar “preservado” -

Imagem: Autor desconhecido em Pixabay.

O trabalho foi realizado pela equipe da professora Beth Shapiro – da Universidade da Califórnia – e só foi possível graças a uma amostra de DNA retirada de um crânio “preservado”, mantido no Museu de História Natural de Copenhague, na Dinamarca.

Crânio de pássaro dodô, mantido no Museu de História Natural de Copenhague, na Dinamarca, e utilizado pela professora Shapiro para sequenciar o DNA da ave.
Crânio de pássaro dodô, mantido no Museu de História Natural de Copenhague, na Dinamarca, e utilizado pela professora Shapiro para sequenciar o DNA da ave.
Imagem: FunkMonk em Wikimedia Comoons.

Shapiro explica que passou anos lutando para encontrar um exemplar com o DNA preservado. Sua maior aposta era o exemplar de Oxford, mas a amostra que lhe foi enviada, após várias solicitações, não tinha o código genético bem conservado.

Foi quando a professora recebeu autorização para extrair amostras de um crânio bem preservado guardado na Dinamarca, que, segundo ela, é um “exemplar fantástico”.

Como o pássaro dodô foi extinto?

O pássaro dodô era uma ave de aproximadamente um metro de altura, que não voava. Ele era um pouco maior do que um peru e pesava cerca de 23 kg. Tinha uma plumagem azul-acinzentada, cabeça grande, pequenas asas e fortes pernas amarelas.

Após ser descoberto, na ilha Maurício, foi exterminado em apenas 100 anos. Como a espécie viveu isolada na ilha por centenas de anos, sem predadores naturais, a ave era destemida e sua incapacidade de voar a tornava uma presa fácil.

Ela se tornou um símbolo da destruição pela presença da civilização, pois era caçada não só por humanos, mas também por gatos, cães e porcos que eram trazidos com os marinheiros que exploravam o Oceano Índico. O último registro de seu avistamento foi em 1662, quando marinheiros holandeses passaram pela ilha.

A palavra dodô significa “tolo”, em um dialeto português da época, e foi adotada após os colonialistas zombarem de sua aparente falta de medo de caçadores humanos.

O professor Mike Benton – da unidade de Paleontologia de Vertebrados da Universidade de Bristol – acredita que a ave talvez sobrevivesse no mundo de hoje, por conta dos diversos programas de proteção dos animais. Alguns críticos acham que isso é um paradoxo.

O trabalho genético

A professora Shapiro confirmou sua façanha científica quando foi pressionada por sua audiência em um seminário por videoconferência (webinário) na “The Royal Society” onde ela disse: “sim, nós conseguimos sequenciar o genoma do pássaro dodô por completo, mas ainda estamos trabalhando para formalizar a publicação científica”. O grupo de pesquisadores pretende publicar o trabalho através do Museu de História Natural da Copenhague, pois isso seria uma forma de agradecer a instituição pela colaboração.

Shapiro alerta, no entanto, que não será fácil transformar esses dados em um animal vivo, respirando e real. Segundo a professora, mamíferos, como a ovelha Dolly, são relativamente mais “simples” de se clonar. Já os pássaros possuem algumas complexidades no processo reprodutivo que ainda não dominamos por completo em laboratório.

Ela explica que é preciso haver outra abordagem para a reprodução artificial de clones de aves e este é um obstáculo tecnológico realmente fundamental na desextinção de várias espécies de aves como o pássaro dodô. A professora afirma haver vários grupos trabalhando em diferentes abordagens para fazer isso, pois este é um obstáculo adicional para as aves que não temos com os mamíferos.

Por estar geneticamente relacionado ao pombo Nicobar, é provável que os cientistas editem o DNA do pombo para incluir o DNA do dodô para trazer de volta a espécie. Alguns cientistas criticam essa estratégia alegando que, nesse caso, teríamos um ser híbrido e não o dodô de fato.

Segundo a professora Shapiro, ao sequenciar o genoma de uma espécie extinta, os cientistas normalmente enfrentam o desafio de ter que trabalhar com um DNA degradado que não fornece toda a informação genética necessária para reconstruir um genoma completo do animal extinto. Felizmente, com o exemplar de dodô da Dinamarca, a história foi diferente, já que foi possível obter todo o genoma da ave.

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Vídeos

DODÔ - A MISTERIOSA AVE QUE VIVIA APENAS EM UMA PEQUENA ILHA! O QUE ACONTECEU COM ESSES ANIMAL?
Quem eram os dodôs?
(Em português)
Vídeo: Canal “Animal TV” em Youtube.
Can we bring animals back from extinction? | The Royal Society
Momento em que a professora Beth Shapiro revela , em um webinário, que o DNA do pássaro dodô foi completamente sequenciado.
(Em Inglês)
Vídeo: Canal “The Royal Society” em Youtube.

Notícias

The return of the dodo? Scientists sequence the entire genome of the flightless bird for the first time – raising hopes it could be brought back from extinction. Daily Mail, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 20 mar. 2022.

Dodo DNA discovery could lead to revival of extinct bird. NYPost, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 19 mar. 2022.

Cite-nos

SANTOS, Gabriel. Pássaro Dodô pode voltar a existir, graças a um exemplar “preservado”. Ciência Mundo, Rio de Janeiro, mar. 2022. Disponível em: . Acesso em: .


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.