Recentemente, uma equipe internacional de pesquisadores deu um passo significativo em direção a uma tecnologia que parece saída dos filmes de Star Trek: o teletransporte quântico de imagens usando apenas luz (SEPHTON, 2023).
O teletransporte de estados quânticos tem a promessa de desempenhar um papel crucial na transmissão e segurança da informação do futuro.
Em um cenário onde a transmissão segura de dados é uma preocupação constante, essa inovação oferece uma abordagem radicalmente diferente: a capacidade de transmitir informações sem que elas viajem fisicamente pela conexão.
A equipe de pesquisadores, liderada pelo físico Andrew Forbes da Universidade de Witwatersrand, explorou a fascinante propriedade do entrelaçamento quântico, onde partículas separadas permanecem vinculadas, independentemente da distância entre elas.
Utilizando um par de fótons entrelaçados, os cientistas conseguiram teleportar estados de luz para formar uma imagem.
O processo, embora não seja uma teletransportação no sentido tradicional, aproveita a medida cuidadosa de características específicas em uma partícula entrelaçada para influenciar instantaneamente características relacionadas na outra.
Embora a informação em si não seja transferida no sentido convencional, o estado quântico é transmitido de maneira eficaz.
“Tradicionalmente, duas partes comunicantes enviam fisicamente a informação de uma para a outra, mesmo no reino quântico”, explica Forbes. “Agora, é possível teleportar informações sem precisar que viajem fisicamente pela conexão – uma tecnologia Star Trek tornada real.”
Uma aplicação potencialmente revolucionária desse avanço é, sem dúvidas, a segurança da informação.
Ao enviar detalhes espaciais, como uma impressão digital, em forma de estado quântico, os cientistas vislumbram a criação de chaves de segurança personalizadas para cada indivíduo.
Isso abriria caminho para caixas de informações digitais protegidas por uma camada adicional de segurança quântica, tornando-as virtualmente à prova de roubo.
No entanto, como em qualquer avanço tecnológico, há desafios a serem superados.
O protocolo atual, embora inovador, requer um feixe laser especial para tornar eficiente o detector não linear.
O Professor Forbes ressalta: “Em certo sentido, não é estritamente teletransportação, mas poderia ser no futuro se o detector não linear fosse tornado mais eficiente.”
O desafio de eficiência do detector abre espaço para futuras melhorias e otimizações nesse campo de pesquisa.
O Dr. Adam Vallés, do ICFO, expressa a esperança de que esse experimento motive avanços adicionais na comunidade de óptica não linear, impulsionando limites em direção a uma implementação quântica completa.
No entanto, ele adverte sobre a necessidade de cautela, indicando que o protocolo atual pode não ser totalmente imune a potenciais fraudes, como a retenção de cópias melhores das informações a serem teletransportadas.
De qualquer forma, à medida que a ciência avança, a perspectiva de um futuro onde o teletransporte quântico não seja apenas ficção científica, mas uma realidade, está mais próxima do que nunca.
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Referências
SEPHTON, Bereneice et al. Quantum transport of high-dimensional spatial information with a nonlinear detector. Nature Communications, v. 14, n. 1, p. 8243, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 27 dez 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Cientistas conseguem teletransportar imagens usando apenas luz. Ciência Mundo, dez 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.