Pular para o conteúdo

Fósseis revelam o maior pinguim que já existiu

Descoberto na Nova Zelândia, o pinguim gigante tinha mais de 150 kg e podia alcançar grandes profundidades.

Fósseis revelam o maior pinguim que já existiu - Pinguin gigante.

Imagem: Simone Giovanardi

A descoberta dos fósseis de duas novas espécies de pinguins na Nova Zelândia, está sendo considerada um marco importante para a nossa compreensão da história evolutiva desses animais.

Os cientistas descreveram as espécies em um artigo publicado no Journal of Paleontology, e concluíram que os pinguins chegaram a proporções gigantes ainda no início de sua história evolutiva, milhões de anos antes de se adaptarem a seu atual formato.

Os fósseis foram encontrados pelo autor principal do trabalho, Alan Tennyson, do Museu de Nova Zelândia Te Papa Tongarewa, em rochas da praia de North Otago, na Ilha Sul da Nova Zelândia, entre 2016 e 2017. Tennyson então formou uma equipe internacional de pesquisadores, que utilizou softwares de inteligência artificial para examinar os espécimes (KSEPKA, 2023).

Uma comparação proporcional entre o Kumimanu fordycei, Petradyptes stonehousei e o atual pinguim imperador.
Uma comparação proporcional entre o Kumimanu fordycei, Petradyptes stonehousei e o atual pinguim imperador.
Imagem: KSEPKA, 2023.

Os fósseis foram datados de 59,5 a 55,5 milhões de anos, marcando a existência dos pinguins cerca de 5 a 10 milhões de anos após a extinção dos dinossauros não-voadores. A equipe usou escaneamento a laser para criar modelos digitais dos ossos e compará-los com outras espécies fósseis, como mergulhões e pinguins modernos.

Para estimar o tamanho das novas espécies, a equipe mediu centenas de ossos de pinguins modernos e calculou uma regressão usando as dimensões dos ossos das nadadeiras para prever o peso.

Eles concluíram que os maiores ossos de nadadeiras pertencem a um pinguim que pesava 154 kg, muito maior do que o atual pinguim imperador que pesa entre 22 e 45 kg. Esta é a maior espécie de pinguim já descoberta.

A nova espécie foi batizada de Kumimanu fordycei, em homenagem ao Dr. R. Ewan Fordyce, professor emérito da Universidade de Otago, considerado uma lenda no estudo dos fósseis desses animais.

Os cientistas também encontraram múltiplos fósseis de uma segunda espécie de pinguim gigante, batizada de Petradyptes stonehousei, que pesava 50 kg, menor do que Kumimanu fordycei, mas ainda acima do peso de um pinguim imperador.

O nome combina o grego “petra” que significa pedra com “dyptes” que significa mergulhador, uma brincadeira dos pesquisadores para “pássaro mergulhador preservado em uma pedra”. Já “Stonehousei” é uma homenagem ao Dr. Bernard Stonehouse (1926–2014), a primeira pessoa a documentar o ciclo reprodutivo completo do pinguim-imperador.

A equipe de pesquisadores acredita que a razão para os pinguins antigos crescerem a proporções tão gigantes é porque isso os tornava mais eficientes na água. Um pinguim gigante teria a capacidade de capturar presas maiores além de preservar melhor sua temperatura corporal em águas frias. É possível que ultrapassar a barreira dos 50 kg tenha permitido aos primeiros pinguins sair da Nova Zelândia para outras partes do mundo.

De acordo com o Dr. Daniel Thomas, que também é dos autores deste trabalho, quando começamos a pensar nas descobertas de fósseis como partes de um animal vivo, um quadro começa a se formar. Grandes animais marinhos com sangue quente, vivos hoje, podem mergulhar a grandes profundidades. Isso levanta questões sobre a ecologia do Kumimanu fordycei, que pode ter sido capaz de alcançar águas mais profundas e encontrar alimentos que não são acessíveis aos pinguins atuais.

A descoberta dessas duas novas espécies de pinguins gigantes é notável e apresenta uma visão única sobre a evolução desses animais ao longo do tempo. Elas fornecem informações sobre como os pinguins eram há milhões de anos e como eles evoluíram para se tornarem os animais que conhecemos hoje. A equipe de pesquisa espera que futuras descobertas de fósseis possam ajudar a esclarecer ainda mais a biologia desses incríveis pinguins gigantes.

Comente…


Vídeos

Referências

KSEPKA, Daniel T. et al. Largest-known fossil penguin provides insight into the early evolution of sphenisciform body size and flipper anatomy. Journal of Paleontology, p. 1-20, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 10 fev 2022.

Notícias

Fossil bones from the largest penguin that ever lived unearthed in New Zealand. Phys.org, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 10 fev 2022.

Cite-nos

SANTOS, Gabriel. Fósseis revelam o maior pinguim que já existiu. Ciência Mundo, Rio de Janeiro, fev 2023. Disponível em: . Acesso em: .


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.