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Webb detecta sósias da Via Láctea no início do Universo que não deveriam existir

James Webb descobre mais de 1.000 galáxias semelhantes a Via Láctea, nascidas há mais de 10 bilhões de anos, que deveriam ser raras.

Webb detecta sósias da Via Láctea no início do Universo que não deveriam existir -

Imagem: Arte "Galáxias espirais" por Ciência Mundo

Um estudo recente, utilizando o Telescópio Espacial James Webb, identificou milhares de galáxias em disco, semelhantes a Via Láctea, em um período em que se acreditava que tais galáxias não poderiam existir (FERREIRA, 2023).

Essa descoberta desafia as expectativas dos astrônomos e pode redefinir nossa compreensão da formação de galáxias no início do Universo. 

As galáxias em disco são caracterizadas por seus formatos achatados e pelos distintos braços espirais que as rodeiam. 

Acredita-se que a Via Láctea seja um exemplo desse tipo de galáxia. 

Considerando apenas as imagens do telescópio espacial Hubble, os astrônomos sempre concluíram que essas estruturas eram raras no início do Universo, provavelmente devido aos frequentes encontros violentos entre galáxias.

Nesse período, acreditava-se que fusões galácticas violentas dominassem o cenário cósmico, tornando improvável a existência de galáxias em disco como as que vemos hoje.

Contudo, comparando as antigas imagens do Hubble com as novas imagens obtidas pelo James Webb, percebe-se que algumas galáxias que pareciam globulares, são, na verdade, espirais.

Ou seja, as galáxias em disco eram dez vezes mais comuns no início do Universo do que se pensava. 

Dos 3.956 objetos observados pelo James Webb, 1.672 deles correspondiam a galáxias em disco, muitas das quais já existiam quando o Universo tinha apenas alguns bilhões de anos.

Comparação entre as imagens capturadas pelo Hubble (HST) e pelo James Webb (JST).
Cada coluna representa a mesma galáxia nos dois telescópios.
As imagens mais nítidas do James Webb revelaram que algumas galáxias que antes achávamos serem globulares, são, na verdade, espirais.
Imagem: FERREIRA, 2023.

Isso significa que as galáxias em disco como a Via Láctea se formaram aproximadamente de 1 a 2 bilhões de anos após o início do Universo. 

Nesse cenário, aglomerados de estrelas teriam evoluído para se tornarem galáxias anãs, que então entrariam em fusões galácticas violentas para eventualmente dar origem a galáxias maiores, como a nossa.

No entanto, a descoberta do James Webb indica que galáxias em disco semelhantes à Via Láctea já estavam presentes no Universo quando este era muito jovem. 

Isso implica que a formação e evolução das galáxias podem ser mais complexas e ocorrer mais cedo do que se pensava.

Essa descoberta também tem implicações significativas para a busca de vida no Universo. 

A existência de galáxias em disco é muitas vezes vista como um fator favorável para o surgimento da vida, uma vez que essas galáxias podem oferecer condições adequadas para o desenvolvimento de sistemas planetários estáveis. 

Se galáxias em disco como a Via Láctea eram comuns no início do Universo, isso sugere que as condições propícias para a vida podem ter se estabelecido mais cedo do que se imaginava.

À medida que continuamos a explorar os mistérios do cosmos, a contribuição do Telescópio Espacial James Webb destaca-se como uma ferramenta valiosa na expansão de nosso conhecimento sobre o Universo e nosso lugar nele.

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Vídeos

JAMES WEBB REVOLUCIONA O ENTENDIMENTO SOBRE A EVOLUÇÃO DO UNIVERSO
JAMES WEBB REVOLUCIONA O ENTENDIMENTO SOBRE A EVOLUÇÃO DO UNIVERSO.
Vídeo: Canal “SpaceToday” em Youtube.

Referências

FERREIRA, Leonardo et al. The JWST Hubble Sequence: The Rest-frame Optical Evolution of Galaxy Structure at 1.5< z< 6.5. The Astrophysical Journal, v. 955, n. 2, p. 94, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em:28 set 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Webb detecta sósias da Via Láctea no início do Universo que não deveriam existir. Ciência Mundo, set 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.