Recentemente, arqueólogos descobriram uma pilha de doze mãos amputadas no pátio de um palácio antigo no Egito (GRESKY, 2023).
Os pesquisadores acreditam que as mãos podem ser resultado de um ritual bárbaro realizado por um povo invasor estrangeiro.
Inscrições em relevo em túmulos e templos egípcios retratam mãos mutiladas ou amputadas desde o Império Novo, entre os séculos XVI e XI a.C.
No entanto, essa é a primeira vez que os arqueólogos encontram e analisam as tais mãos amputadas em si.
As mãos (todas direita) foram descobertas em 2011, enterradas em três valas no pátio do Palácio dos Hicsos em Avaris/Tell el-Dab’a, no nordeste do Egito.
O palácio remonta à 15ª dinastia (1640-1530 a.C.), quando os reis Hicsos governaram o Baixo e Médio Egito até a cidade de Cusae, hoje conhecida como El Quseyya.
Os Hicsos eram considerados invasores do Egito e seus reis governantes estrangeiros, embora evidências recentes mostrem que isso pode ter sido mal interpretado.
De acordo com a equipe de pesquisa, as mãos amputadas encontradas nas valas pertencem a pelo menos onze homens e possivelmente uma mulher, sugerindo que as mulheres também participavam das batalhas nesse período.
As mãos foram encontradas ainda “macias e flexíveis”, indicando que foram enterradas antes do início do rigor mortis ou pouco depois que ele passou.
O rigor mortis é um fenômeno que ocorre algumas horas após a morte, onde os músculos do corpo humano se tornam rígidos e inflexíveis, diminuindo esse efeito em 1 a 3 dias.
A equipe liderada pela paleopatologista Julia Gresky do Instituto Arqueológico Alemão de Berlim, examinou os ossos dos pulsos das mãos encontradas e descobriu que eles foram cortados em um ângulo específico, o que sugere que a amputação foi feita intencionalmente.
Os pesquisadores acreditam que as mãos decepadas podem ter sido deliberadamente colocadas no local.
De acordo com os pesquisadores, a amputação da mão direita foi praticada no Egito pelos Hicsos cerca de 50 a 80 anos antes de ser registrada em hieróglifos de tumbas.
A localização, o tratamento e a posição das mãos amputadas sugerem que essa prática pode ter sido uma forma de troféu de vitórias militares, em vez de uma punição para criminosos.
As mãos foram encontradas em uma localização proeminente em frente à sala do trono do palácio, o que corrobora com a prática de exibir mãos como troféus.
Esta nova descoberta abre uma janela fascinante para o passado do antigo Egito, e nos ajuda a entender mais sobre as práticas e crenças dos Hicsos, bem como a história da invasão estrangeira no Egito antigo.
As evidências arqueológicas nos dizem que essa prática de exibir as mãos amputadas como troféus pode ter sido uma forma de mostrar o poder e a superioridade militar dos Hicsos para legitimar seu governo estrangeiro no Egito.
No entanto, é importante lembrar que essas descobertas históricas não devem ser usadas para justificar a violência ou a opressão em qualquer contexto atual.
Em vez disso, devemos usá-las para aprender e entender a complexidade da história humana e nos esforçar para construir um futuro mais pacífico e justo para todos.
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Referências
GRESKY, Julia et al. First osteological evidence of severed hands in Ancient Egypt. Scientific Reports, v. 13, n. 1, p. 5239, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 7 abr 2023.
Notícias
A Pit of Severed Hands Could Be The Remains of a Grisly Ancient Egyptian Ceremony. Science Alert, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 7 abr 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Um poço de mãos decepadas sugere uma terrível cerimônia no Antigo Egito. Ciência Mundo, abr 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.