Nos últimos anos, o aumento no lançamento de satélites tem causado impactos significativos na observação astronômica.
Um dos exemplos mais recentes é o satélite BlueWalker3, lançado em 2022, que se tornou um dos objetos mais brilhantes no céu noturno.
Este fenômeno levanta questões sérias sobre a necessidade de regulamentação nessa área.
O BlueWalker3 é apenas um protótipo de satélite, mas sua intensa luminosidade causa preocupações para astrônomos e entusiastas da astronomia.
Este satélite, desenvolvido pela empresa americana AST SpaceMobile, faz parte de uma iniciativa para construir uma constelação de satélites semelhantes.
A sua principal função é fornecer comunicação celular a partir do espaço, o que envolve a emissão de sinais luminosos que afetam diretamente a visibilidade do céu noturno.
De acordo com um estudo liderado pela astrônoma Sangeetha Nandakumar da Universidade de Atacama, no Chile, é urgente tomar medidas mais eficazes para mitigar os impactos desse “enxame de satélites” na órbita baixa da Terra (NANDAKUMAR, 2023).
Apesar dos esforços da indústria aeroespacial e de organismos reguladores, como a International Astronomical Union, o lançamento de satélites cada vez maiores e mais brilhantes continua a crescer.
Atualmente, existem cerca de 8.693 satélites artificiais circulando em órbita terrestre, a maioria em órbita baixa.
Esse número é alarmante e está em constante crescimento, com milhares de novos satélites lançados desde 2019.
A estimativa é que até 2030, cerca de 100.000 satélites de constelação estarão em órbita na Terra, o que terá um impacto significativo na observação astronômica.
O problema não se limita à interferência na observação do céu noturno.
A poluição luminosa causada pelos satélites prejudica as observações críticas, como a detecção de asteroides, e interfere nas operações de rádio telescópios.
Além disso, a falta de uma regulamentação efetiva para o espaço representa um risco crescente de colisões entre satélites, tornando a órbita terrestre mais perigosa.
O caso do BlueWalker3 ilustra a falta de controle sobre a luminosidade desses satélites.
Inicialmente, sua magnitude era tão brilhante quanto a estrela Polaris, e embora tenha diminuído, ainda permanece visível a olho nu, prejudicando a visão do céu noturno.
Outro aspecto crítico é o tempo que leva para incluir informações sobre satélites em catálogos públicos após o lançamento.
No caso do LVA (Launch Vehicle Adapter) do BlueWalker3, levou quatro dias para que fosse listado.
Isso significa que durante esse período, representava uma ameaça invisível para os operadores terrestres que rastreiam trajetórias de satélites para evitar colisões.
Para abordar essas questões, é essencial que as empresas de satélites realizem avaliações de impacto antes do lançamento.
Isso ajudaria a garantir que os efeitos de seus satélites no ambiente espacial e terrestre sejam cuidadosamente avaliados.
Esses estudos devem ser parte integrante dos processos de autorização de lançamento.
Além disso, é crucial que haja uma cooperação internacional para desenvolver regulamentações claras e efetivas para a órbita terrestre.
A ausência de jurisdição clara no espaço sideral está contribuindo para a proliferação descontrolada de satélites e para os problemas associados a eles.
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Referências
NANDAKUMAR, S. et al. The high optical brightness of the BlueWalker 3 satellite. Nature, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 2 out 2023.
Notícias
One of The Brightest Things in The Night Sky Is Now a Satellite Launched in 2022. Science Alert, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 2 out 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Um dos objetos mais brilhantes do céu noturno agora é um satélite lançado em 2022. Ciência Mundo, out 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.