Esse efeito de absorção ocorre sob a ação de qualquer fonte luminosa, e não apenas quando se está no Sol. Quando uma luz atinge um objeto, as ondas de luz que correspondem a cor da superfície deste objeto, são refletidas, enquanto as que não correspondem são convertidas em energia e absorvidas na forma de calor. Como o branco, contém todos os comprimentos de onda do espectro visível, quando uma luz é refletida em uma superfície branca, toda sua energia é (teoricamente) refletida, e nada é absorvido. Contudo, há um problema. Não existe uma tinta que possa tornar uma superfície 100% branca, ou seja, totalmente refletiva. O que temos até agora, são boas aproximações.
A tinta mais branca do mundo acaba de ser criada pelo pesquisador Xiulin Ruan e seus alunos em um laboratório na Universidade de Purdue, nos Estados Unidos (LI, 2021). Os pesquisadores envolvidos dizem que a tinta é tão branca, que poderia auxiliar na redução do uso do ar condicionado, ou, até mesmo, eliminar a sua necessidade por completo, em algumas regiões do mundo.
A tinta, foi registrada no Guinness — o livro dos recordes — como a tinta mais branca já produzida. Contudo, o objetivo dos pesquisadores não era quebrar nenhum recorde, mas criar um produto que auxiliasse na diminuição dos efeitos do aquecimento global.
Ruan, que é professor de engenharia mecânica na universidade, afirma que, há 7 anos, quando o projeto foi iniciado, eles tinham em mente questões como “economia de energia” e “combate aos efeitos das mudanças climáticas”. Eles então, apostaram na ideia de criar uma tinta que pudesse refletir os raios solares, evitando assim, que as construções absorvessem calor.
Fazer uma tinta realmente refletiva, contudo, é o mesmo que fazer uma tinta realmente branca. De acordo com Ruan, sua tinta reflete 98,1% da radiação solar enquanto também emite calor infravermelho. Como a tinta absorve menos calor do sol do que aquilo que ela emite, a superfície pintada acaba resfriando abaixo da temperatura ambiente, sem precisar de consumir energia com aparelhos de refrigeração.
Um telhado com uma área de 100 m², pintado com essa nova tinta, teria uma capacidade refrigerativa equivalente a 10.000 watts de um aparelho de ar condicionado convencional. Essa capacidade refrigerativa é bem maior do que a que encontramos na maioria das residências que usam aparelhos de ar condicionado.
Se procurarmos no mercado, veremos uma ampla variedade de tintas brancas sendo vendidas, mas, segundo Ruan, estes produtos não refletem de forma adequada, e podem, inclusive, aquecer ainda mais uma superfície, ao invés de esfriar. Há ainda, as tintas comerciais que são destinadas a reflexão de calor, com capacidades refletivas entre 80% e 90%, o que não é suficiente para deixar as superfícies mais frias do que a temperatura ambiente, alerta Ruan.
A principal estratégia, para se conseguir o tom ultra branco dessa tinta foi a utilização de uma alta concentração de um componente químico chamado sulfeto de bário, que também é utilizado em papel fotográfico e cosméticos.
Segundo Ruan, ele e seus alunos, estão em parceria com uma empresa — cujo nome não foi divulgado — para colocar esta tinta ultra branca no mercado, o quanto antes. Vamos aguardar!
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Referências
LI, Xiangyu et al. Ultrawhite BaSO4 Paints and Films for Remarkable Daytime Subambient Radiative Cooling. ACS Applied Materials & Interfaces, v. 13, n. 18, p. 21733-21739, 2021. Disponível em: <link>. Acesso em: 20 set. 2021.
Notícias
Scientists created the world’s whitest paint. It could eliminate the need for air conditioning. USA Toda, 2021. Disponível em: <link>. Acesso em: 20 set. 2021.
This white paint could reduce the need for air conditioning by keeping surfaces cooler than surroundings. Purdue University, 2021. Disponível em: <link>. Acesso em: 20 set. 2021.
Cite-nos
SANTOS, Gabriel. Tinta mais branca do mundo pode eliminar a necessidade de ar condicionado. Ciência Mundo, Rio de Janeiro, set. 2021. Disponível em: . Acesso em: .