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Tendão perdido pode ser a chave de como as aves evoluíram suas asas

Como as aves conseguiram desenvolver suas asas para voar é um dos grandes mistérios da paleontologia.

Tendão perdido pode ser a chave de como as aves evoluíram suas asas -

Imagem: Gary Todd em Flickr.

Pesquisadores da Universidade de Tóquio podem ter encontrado uma resposta para a evolução das asas das aves em fósseis de dinossauros que apresentam uma “curva suspeita” no cotovelo e no pulso, sugerindo a presença de um tendão não preservado que sustenta todo o voo das aves modernas (UNO, 2023).

Os pterossauros, répteis antigos famosos por serem os primeiros vertebrados a voar, surgiram há quase 200 milhões de anos .

No entanto, como não eram dinossauros, a evolução dos ancestrais diretos das aves continuou a se desenvolver por conta própria.

Comparação de como o propatagium evoluiu nos braços dos terópodes e nas asas das aves..
Imagem: UNO, 2023.

Os dinossauros aviários só evoluíram muito tempo depois, a partir de terópodes emplumados que caminhavam em duas patas, cerca de 80 milhões de anos após os pterossauros terem alcançado o voo.

Apesar das histórias de origem muito diferentes, as aves usam uma estrutura surpreendentemente semelhante aos pterossauros para permanecerem no ar: uma membrana chamada propatagium, presente em todos os vertebrados que batem asas hoje, incluindo pássaros e morcegos.

Sistema musculoesquelético da asa esquerda aviária.
Imagem: UNO, 2023.

Alguns mamíferos planadores também possuem uma estrutura semelhante, presente em seus membros superiores.

O propatagium é um tendão que se estende do ombro até a mão, criando uma ponte, uma espécie de “borda de ataque” para a asa.

Isso permite que as aves flexionem e estendam o pulso e o cotovelo em conjunto durante o movimento de batida de asas.

A estrutura essencialmente dá sustentação ao voo das aves, permitindo que o animal controle duas articulações de uma só vez.

Para os pterossauros, o papel do propatagium é menos claro, mas parece ter controlado a decolagem e o pouso ao alterar o fluxo de ar sobre a superfície superior da asa.

Infelizmente, o propatagium é um tecido mole, o que significa que raramente é preservado no registro fóssil. Além disso, esse tendão é tão fino que não deixa muitas marcas nos ossos aos quais está conectado.

No entanto, os paleontólogos Tatsuya Hirasawa e Yurika Uno desenvolveram uma técnica para “ver” o tendão, mesmo quando ele não está mais presente. Para isso, eles observaram como o propatagium limita os movimentos dos animais.

Quando uma ave moderna morre, por exemplo, essa membrana naturalmente mantém o pulso e o cotovelo do animal em flexão.

Ao comparar o ângulo do cotovelo observado nos fósseis de terópodes não-avianos com a curvatura dos braços em aves modernas, os pesquisadores descobriram evidências de que uma estrutura semelhante ao propatágio provavelmente se estendia pelos ombros e pulsos de vários dinossauros terrestres.

Por exemplo, os ângulos observados nos fósseis de muitos maniraptoras, como os velociraptores, eram ligeiramente maiores do que os vistos em aves modernas, mas ainda sugerem a presença de uma estrutura semelhante ao propatágio primitivo.

Para respaldar essas previsões, os pesquisadores também identificaram restos de tecido mole do que pode ser um propatágio primitivo em dois fósseis de maniraptoras: o Caudipteryx do tamanho de um peru e o microraptor de quatro asas.

Evidência de tecidos moles que se assemelham a um propatagium em fósseis de dinossauros> (A) microraptor; (B) Caudipteryx; (C) imagem ampliada de B.
Imagem: UNO, 2023.

O Caudipteryx provavelmente não podia voar, porém o microraptor era capaz de realizar algumas manobras aéreas, apesar de sua capacidade de voo ainda ser objeto de debate.

No entanto, ambos dinossauros possuíam claramente as estruturas que mais tarde se tornariam necessárias para o voo “movido a batida de asas”.

Velociraptores são outros maniraptoras que claramente não podiam voar, mas mais pesquisas serão necessárias para ver se seus fósseis contêm pistas de algum “propatágio perdido”.

Segundo os pesquisadores, os resultados deste trabalho sugerem que o propatágio é um “tendão ancestral” que remonta cerca de 150 milhões de anos e foi essencial para a evolução das aves modernas.

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Referências

UNO, Yurika; HIRASAWA, Tatsuya. Origin of the propatagium in non-avian dinosaurs. Zoological Letters, v. 9, n. 1, p. 1-8, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 29 maio 2023.

Notícias

How Did Birds Get Wings? We May Have Found The ‘Missing Link’ in Dinosaur Fossils. Science Alert, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 15 maio 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Tendão perdido pode ser a chave de como as aves evoluíram suas asas. Ciência Mundo, fev 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.