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Tartan escocês mais antigo do mundo foi preservado em um pântano por mais de 400 anos

Os pesquisadores acreditam que o tecido tradicional escocês só foi preservado graças à alta acidez e aos baixos níveis de oxigênio do pântano de turfa.

Tartan escocês mais antigo do mundo foi preservado em um pântano por mais de 400 anos -

Imagem: The Scottish Tartans Authority.

Recentemente, foi anunciado que o tartan escocês mais antigo do mundo foi descoberto em um pântano em Glen Affric, na Escócia.

O fragmento de tecido, que tem mais de 400 anos, foi encontrado nos anos 1980, mas só agora foi analisado com detalhes utilizando técnicas modernas de análise de corante e teste de radiocarbono.

Tecido tartan de 400 anos encontrado em um pântano.
O tartan mais antigo da Escócia foi exibido no V&A Dundee como parte da abertura da exposição Tartan em 1º de abril de 2023.
Imagem: Scottish Tartans Authority.

Embora os pesquisadores possam apenas teorizar sobre quem era o dono do tecido, o diretor de pesquisa e coleções da Scottish Tartans Authority sugere que o tecido era provavelmente uma roupa de trabalho.

Mas afinal, o que é tartan?

Tartan é um tipo de tecido xadrez, tradicionalmente associado à Escócia e aos clãs escoceses.

O tartan é feito de linhas de diferentes cores e larguras que se cruzam em ângulos retos, formando quadrados.

Diferentes estampas de tartans.
Imagem: James MacDonald em Flickr.

Cada clã escocês tem o seu próprio tartan distintivo, que é composto por uma combinação específica de cores e larguras de linhas.

As cores dos tartans são baseadas nos corantes naturais disponíveis para os clãs em cada região da Escócia.

O tartan é usado em roupas tradicionais escocesas, como o kilt (uma saia masculina), casacos e cachecóis, bem como em acessórios, como bolsas e gravatas.

Kilt escocês feito de tartan.
Imagem: Newtown grafitti em Flickr.

O padrão também é frequentemente usado em design de interiores e decoração, especialmente em casas com uma temática escocesa ou de estilo rústico.

O tartan é um símbolo importante da cultura escocesa e é muitas vezes associado à ideia de um país independente e soberano.

O padrão também é usado em eventos e celebrações tradicionais escocesas, como o Dia de São André, que é a festa nacional da Escócia.

Como o fragmento de tartan resistiu tanto tempo no pântano?

Medindo 55 por 43 centímetros, o fragmento de tartan foi encontrado em um pântano a apenas 31 quilômetros a oeste do lago Ness.

Essa área de pântano é coberta de lama, plantas mortas e musgos, e essa combinação produz um material de alta acidez e baixos níveis de oxigênio chamado turfa, capaz de preservar material orgânico por milênios.

Pântanos de turfa em todo o Reino Unido e Irlanda têm sido conhecidos por preservar madeira, manteiga e até mesmo corpos humanos.

A análise do fragmento de tartan

Antes de realizar os testes, os cientistas limparam cuidadosamente as manchas de turfa do tartan.

Em seguida, a análise do corante da lã foi realizada no National Museums Scotland, usando microscopia digital de alta resolução.

Os cientistas identificaram as quatro cores, que foram produzidas por corantes naturais como o pastel, uma planta florescente da família da mostarda que pode ser usada como corante azul.

A falta de corantes artificiais sugeriu de cara uma data anterior a 1750 para o tecido.

Testes adicionais foram realizados no Scottish Universities Environmental Research Centre (SUERC) Radiocarbon Laboratory em East Kilbride.

Após uma análise minuciosa e demorada, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a data mais provável para o fragmento de tartan é entre 1500 e 1600, tornando-o o tartan mais antigo encontrado na Escócia.

Significado histórico do tartan de Glen Affric

Embora já tenham sido encontrados possíveis exemplos de tartan na Inglaterra, como o tartan de Falkirk, datado do terceiro século d.C., perto do Muro de Antonino, o tecido foi produzido em apenas duas cores e não foi tingido, o que significa que não é um “verdadeiro tartan”.

Segundo o presidente da Scottish Tartans Authority, John McLeish, “o fragmento de tartan de Glen Affric é uma descoberta importante, pois nos ajuda a entender a evolução do tartan escocês ao longo dos séculos”.

A descoberta também nos ajuda a entender melhor como as pessoas da época viviam e trabalhavam na Escócia, e como a lã era processada e tingida.

A preservação do tartan em um pântano é uma prova do poder da natureza em preservar objetos antigos, e é uma prova de como os pântanos de turfa são importantes para a conservação do patrimônio cultural e histórico.

Embora o tartan escocês seja agora mais conhecido por seu uso em roupas tradicionais, como kilts e casacos, ele teve uma história muito diversificada ao longo dos séculos.

Os padrões de tartan foram usados em bandeiras, uniformes militares e até mesmo em pratos e louças.

Hoje em dia, o tartan escocês é um símbolo da identidade e cultura escocesas, e é usado em muitos produtos, desde roupas e acessórios até presentes e souvenirs.

O tartan também é usado em cerimônias oficiais, como o vestuário dos membros da realeza britânica e em eventos como o Highland Games, que atraem visitantes de todo o mundo.

A descoberta do tartan mais antigo do mundo é uma importante contribuição para o conhecimento da história e da cultura escocesas, e é uma prova da importância da pesquisa e conservação do patrimônio cultural e histórico.

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Vídeos

A História do Tartan - História da Moda
A História do Tartan – História da Moda.
Vídeo: Canal “Victoria Müller” em Youtube.

Notícias

Scotland’s oldest tartan discovered by Scottish Tartans Authority. www.vam.ac.uk, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 4 abr 2023.

Oldest Scottish tartan ever found was preserved in a bog for over 400 years. Live Science, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 4 abr 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Tartan escocês mais antigo do mundo foi preservado em um pântano por mais de 400 anos. Ciência Mundo, abr 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.