Em um novo estudo, pesquisadores alcançaram um importante marco científico ao sequenciar o RNA de um animal extinto, o tigre da Tasmânia, também conhecido como tilacino (Thylacinus cynocephalus) (MARMOL-SANCHEZ2023).
Utilizando amostras de músculo e pele de um espécime de museu com 132 anos de idade, essa conquista oferece um vislumbre valioso da fisiologia dessa espécie extinta desde a década de 1930.
O tigre da Tasmânia, um marsupial carnívoro, habitava a ilha da Tasmânia, no sudeste da Austrália.
O último exemplar conhecido dessa espécie morreu em cativeiro em 1936.
No entanto, algumas amostras foram preservadas em museus ao redor do mundo, incluindo o Museu de História Natural de Estocolmo, que forneceu as amostras para esta pesquisa.
O desafio de extrair RNA de amostras antigas reside no fato de que o RNA se degrada rapidamente após a morte do organismo, ao contrário do DNA, que pode ser mais estável e já foi recuperado de espécies extintas com mais de um milhão de anos.
O estudo adaptou métodos padrão para extrair RNA de amostras de tecido antigo, resultando na identificação de milhões de sequências de RNA após a purificação.
O RNA oferece informações cruciais sobre os genes de um organismo e as proteínas produzidas em suas células e tecidos.
Este estudo identificou sequências de RNA relacionadas a genes específicos, incluindo aqueles que codificam proteínas essenciais para a função muscular, como a actina e a titina, encontradas nas amostras de músculo.
Nas amostras de pele, foram identificadas sequências de RNA relacionadas a genes que codificam proteínas estruturais, como a queratina.
Além disso, os pesquisadores também detectaram um número limitado de moléculas de RNA de vários vírus que habitavam ou infectavam o tigre da Tasmânia.
Isso abre a possibilidade de estudar esses vírus antigos e suas interações com essa espécie extinta.
Esta pesquisa representa um avanço notável, pois a sequenciação de RNA de animais extintos ainda é uma área subdesenvolvida em comparação com a sequenciação de DNA antigo.
O estudo demonstra o potencial de desbloquear informações valiosas sobre espécies extintas a partir do RNA armazenado em museus de todo o mundo.
À medida que a tecnologia avança, podemos esperar que estudos futuros combinem sequenciamento de DNA e RNA para desvendar ainda mais os segredos do passado da vida na Terra.
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Referências
MARMOL-SANCHEZ, Emilio et al. Historical RNA expression profiles from the extinct Tasmanian tiger. Genome Research, p. gr. 277663.123, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 24 set 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. RNA recuperado de tigre da Tasmânia – a primeira vez em animal extinto. Ciência Mundo, set 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.