Quando Lucas foi diagnosticado com um raro tumor cerebral aos seis anos de idade, as perspectivas eram sombrias.
O glioma pontino intrínseco difuso (GPID), uma forma agressiva de câncer no tronco cerebral, é notoriamente difícil de tratar.
Cerca de 300 crianças nos Estados Unidos e até 100 na França são diagnosticadas com esse tipo de tumor todos os anos.
Para muitos, a perspectiva é desoladora – a maioria não sobrevive além do primeiro ano, e apenas 10% estão vivos após dois anos.
O médico francês Jacques Grill, responsável pelo programa de tumores cerebrais no centro de câncer Gustave Roussy, em Paris, contou à AFP que lembra vividamente o momento em que teve que comunicar aos pais de Lucas a terrível realidade da situação.
No entanto, o destino de Lucas tomou um rumo inesperado.
Sete anos após o diagnóstico inicial, Lucas é agora o primeiro caso documentado de cura de GPID em uma criança.
Uma reviravolta que surpreendeu até mesmo os especialistas mais experientes.
O tratamento inovador de Lucas foi desenvolvido durante um ensaio clínico chamado BIOMEDE, que testou novos medicamentos para GPID.
Surpreendentemente, Lucas respondeu positivamente ao medicamento everolimus, e ao longo do tempo, os exames de ressonância magnética mostraram que o tumor desapareceu completamente.
Os médicos agora estão estudando atentamente seu caso para entender os mecanismos subjacentes que levaram à sua recuperação milagrosa.
Uma descoberta recente sugere que uma mutação genética única presente no tumor de Lucas pode ter desempenhado um papel fundamental em sua resposta positiva ao tratamento.
Se confirmada, essa revelação pode potencialmente abrir portas para novas estratégias de tratamento direcionadas a outras crianças com GPID e tumores cerebrais similares.
Os pesquisadores estão, inclusive, criando modelos de tumor em laboratório, conhecidos como organoides, para replicar as características únicas do tumor de Lucas.
Esses estudos in vitro podem oferecer uma oportunidade única de entender melhor a biologia do câncer e desenvolver terapias mais eficazes e personalizadas no futuro.
Embora o caso de Lucas represente um avanço notável, os desafios persistem.
O câncer infantil continua a ser uma das principais causas de mortalidade entre as crianças, e muitos pais ainda enfrentam prognósticos sombrios.
No entanto, histórias como a de Lucas inspiram esperança e reforçam o compromisso da comunidade médica em buscar novas terapias e tratamentos para combater essa doença devastadora.
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Referências
First child cured of rare brain tumour ‘offers real hope. AFP, 2024. Disponível em: <link>. Acesso em: 14 fev 2024.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Primeira no mundo: criança de 13 anos curada de um câncer cerebral mortal. Ciência Mundo, fev 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.