Meteoritos são pedaços de rochas que caem na Terra a partir do espaço e podem fornecer informações valiosas sobre a formação e evolução de planetas.
No entanto, um estudo recente realizado por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade Paris Cité, na França, descobriu que um método popular e fácil de identificar meteoritos pode inadvertidamente apagar informações preciosas contidas dentro deles (VERVELIDOU, 2023).
O uso de ímãs de terras raras, como o neodímio, para auxiliar na identificação de meteoritos pode apagar e sobrescrever os registros magnéticos presentes nos minerais ferromagnéticos dessas rochas.
Muitos meteoritos têm um alto teor de ferro, o que significa que dados importantes sobre como os campos magnéticos no espaço têm alterado esses meteoritos ao longo de bilhões de anos estão sendo perdidos.
Os registros magnéticos presentes nos meteoritos, conhecidos como paleomagnetismo, podem fornecer informações sobre a força e a orientação dos campos magnéticos que os afetaram enquanto estavam se formando.
Esses registros têm sido usados para entender a história do campo magnético da Terra e como ele tem evoluído ao longo do tempo.
No entanto, o uso de ímãs na identificação de meteoritos tem destruído esses registros de forma quase instantânea.
Os cientistas do MIT liderados pela pesquisadora planetária Foteini Vervelidou conduziram uma análise detalhada para entender como esse fenômeno ocorre.
Eles calcularam o tamanho do campo magnético gerado por um ímã de mão e seu efeito em rochas de diferentes tamanhos.
Em seguida, testaram esses cálculos em amostras de basalto terrestre, medindo a magnetização antes e depois da exposição a um ímã de neodímio.
Os resultados mostraram que muitas das amostras de basalto foram completamente desmagnetizadas após a exposição ao ímã de mão, enquanto outras apresentaram desmagnetização parcial, semelhante ao observado em fragmentos de meteoritos.
Um estudo anterior realizado em um meteorito conhecido como NWA 7034, ou “Black Beauty”, mostrou que sua magnetização tinha sido completamente apagada pelo uso de ímãs na identificação.
No entanto, a pesquisa também revelou que a desmagnetização é progressiva e segue uma curva semelhante.
Isso significa que os cientistas podem ter uma ideia de quão profunda é a desmagnetização em amostras de meteoritos, permitindo-lhes identificar amostras que ainda podem conter registros magnéticos fossilizados de processos planetários ou do próprio Sistema Solar.
Os pesquisadores sugerem que já existem técnicas disponíveis que podem identificar meteoritos sem destruir as informações internas delicadas, como o uso de medidores de suscetibilidade magnética, que têm se mostrado precisos e não destrutivos na identificação e classificação de meteoritos.
Eles também expressam a esperança de que mais amostras de meteoritos, como o NWA 7034, que não foram afetadas pela remagnetização por ímãs, estejam disponíveis para estudos futuros.
É importante ressaltar que a identificação correta dos meteoritos é fundamental para a compreensão da história e evolução do nosso Sistema Solar.
Os meteoritos são relíquias antigas que podem fornecer informações sobre a composição química, a idade, a formação planetária e as condições do espaço interestelar.
Portanto, é essencial preservar as informações internas dessas rochas durante o processo de identificação.
A conscientização sobre esse problema e a adoção de métodos adequados são essenciais para garantir a preservação e o avanço do conhecimento científico sobre os meteoritos.
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Referências
VERVELIDOU, Foteini; WEISS, Benjamin P.; LAGROIX, France. Hand magnets and the destruction of ancient meteorite magnetism. Journal of Geophysical Research: Planets, p. e2022JE007464, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 22 abr 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Podemos ter apagado bilhões de anos de dados de meteoritos, aponta estudo. Ciência Mundo, abr 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.