Essa é a primeira vez que fosfatos são detectados fora da Terra, levantando a possibilidade de existência de vida no oceano alienígena desse pequeno satélite congelado.
A descoberta ocorreu por acaso, quando uma equipe internacional de cientistas, liderada pelo pesquisador planetário Frank Postberg, da Universidade Livre de Berlim, identificou compostos contendo fósforo no vapor expelido por Encélado (POSTBERG, 2023).
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Essa lua oceânica de Saturno possui a maior proporção de água líquida de todos os corpos do Sistema Solar.
Surpreendentemente, as quantidades encontradas sugerem uma abundância de fosfatos 100 vezes maior do que na Terra.
Qual a importância da descoberta de fosfatos em Encélado?
A importância dessa descoberta se deve ao fato de que o fósforo é um dos seis elementos considerados essenciais para a vida, baseada na química orgânica.
Até então, nunca havia sido detectado esse elemento tão crucial em um oceano além da Terra.
Modelos geoquímicos anteriores sugeriam que os fosfatos poderiam ser escassos no oceano de Encélado e em outros mundos oceânicos gelados.
Portanto, essa nova evidência indica uma grande possibilidade da vida ter prosperado também nessa lua de Saturno.
Como os pesquisadores detectaram fosfatos em Encélado?
A detecção dos fosfatos foi possível por meio de análises realizadas no instrumento Cosmic Dust Analyzer (CDA) da sonda Cassini, antes de sua última missão em 2017.
Imagem: NASA/JPL
Os cientistas examinaram 345 partículas de gelo do anel E de Saturno, coletadas pela Cassini, e identificaram características espectrais únicas de fosfato de sódio, um composto do fósforo.
Em experimentos de laboratório, eles conseguiram reproduzir o espectro químico encontrado nas partículas de gelo do anel E, confirmando assim a presença de fosfatos em Encélado.
Mas como o fósforo chegou até Encélado?
Acredita-se que abaixo da camada de gelo dessa lua oceânica exista um núcleo composto por uma rocha chamada rocha condritica carbonácea.
Os cientistas realizaram experimentos para investigar essa possibilidade e descobriram que a interação entre a água alcalina rica em carbonato e essa rocha resulta na produção de fosfatos.
Portanto, não apenas há uma alta abundância de fósforo em Encélado, mas também uma fonte plausível para sua existência.
Quais as implicações da descoberta de fosfatos em Encélado?
Essa descoberta traz implicações significativas para nossa compreensão dos mundos oceânicos fora da Terra.
Os outros cinco elementos essenciais para a vida – carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e enxofre – já haviam sido identificados nas emissões de Encélado, reforçando ainda mais a perspectiva de habitabilidade desse pequeno satélite.
Embora Encélado esteja distante do calor e da luz do Sol, que são essenciais para a maioria das cadeias alimentares na Terra, as descobertas em profundidades escuras e frias do oceano terrestre sugerem que a vida orgânica também poderia prosperar mesmo em ambientes extremos.
Da mesma forma, Encélado, com suas atividades geológicas e plumas que expulsam material para o espaço, pode ser um ambiente propício para a existência de formas de vida simples.
No entanto, explorar Encélado em detalhes continua sendo um desafio, já que é impossível enviar uma sonda submarina através de sua espessa crosta de gelo de pelo menos 20 quilômetros de espessura.
Portanto, as informações coletadas pela sonda Cassini e as análises detalhadas realizadas pelos cientistas são cruciais para nossa compreensão desse intrigante satélite congelado.
Referências
POSTBERG, Frank et al. Detection of Phosphates Originating from Enceladus’ Ocean by Cassini’s Cosmic Dust Analyzer. Copernicus Meetings, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 16 jun 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Pesquisadores detectam fosfatos na lua de Saturno, Encélado. Ciência Mundo, jun 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.
Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.
