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Peixes conseguem se reconhecer em fotos e no espelho, segundo estudo

Pesquisadores japoneses demonstraram que a autoconsciência pode ser mais difundida entre os animais do que pensávamos.

Peixes conseguem se reconhecer em fotos e no espelho, segundo estudo -

Imagem: Quinn Dombrowski em Flickr.

Um estudo recente conduzido pelo sociólogo animal Masanori Kohda, da Universidade Metropolitana de Osaka, no Japão, e sua equipe, revela que alguns peixes conseguem reconhecer seus próprios rostos em fotos e no espelho (KOHDA, 2023).

Esta habilidade é geralmente atribuída a animais considerados inteligentes, como chimpanzés, elefantes e golfinhos, mas essa nova descoberta sugere que a autoconsciência pode ser muito mais difundida entre os animais do que se pensava.

Kohda já havia mostrado em pesquisas anteriores que os peixes limpadores Bluestreak podem passar no teste do espelho, um teste controverso que supostamente revela autoconsciência, ou seja, “a capacidade de ser o objeto de seus próprios pensamentos” (KOHDA, 2022; KOHDA, 2021).

O teste envolve expor um animal a um espelho e, em seguida, colocar secretamente uma marca no rosto ou corpo do animal para ver se ele notará a marca em sua reflexão e tentará tocá-la em seu corpo.

Agora, em seu novo estudo, Kohda e seus colegas foram além, e descobriram que peixes limpadores que passaram no teste do espelho são capazes também de distinguir seus próprios rostos dos de outros peixes limpadores em fotografias.

Isso sugere que os peixes se identificam da mesma maneira que os humanos, formando uma imagem mental de seu próprio rosto.

O teste do espelho tem sido amplamente utilizado para medir a autoconsciência em animais, mas os resultados têm sido mistos.

Alguns pesquisadores criticam este tipo de avaliação cognitiva, pois certos animais considerados inteligentes, como macacos e corvos, não conseguem passar no teste.

Além disso, alguns animais, como cães e porcos, parecem não se importar com uma marca em seus corpos o suficiente para tentar tocá-la, o que também pode prejudicar a avaliação.

Independente das críticas, os resultados do estudo de Kohda são notáveis porque eles sugerem que a autoconsciência pode ser mais comum em animais do que se pensava.

Isso poderia ter implicações importantes para a forma como entendemos a cognição animal, sugerindo, inclusive, mudanças no tratamento dos animais em cativeiro.

Embora o estudo seja uma descoberta significativa, os cientistas ainda precisam entender melhor o que está acontecendo no cérebro dos peixes limpadores.

Além disso, a pesquisa deve ser expandida para incluir outras espécies de peixes e animais para ter uma compreensão mais completa de como a autoconsciência é desenvolvida em diferentes espécies.

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Vídeos

Bluestreak cleaner wrasse found to recognize self in photograph after passing mirror test
Bluestreak cleaner wrasse found to recognize self in photograph after passing mirror test.
Vídeo: Canal “Science X: Phys.org, Medical Xpress, Tech Xplore” em Youtube.

Referências

KOHDA, Masanori et al. Cleaner fish recognize self in a mirror via self-face recognition like humans. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 120, n. 7, p. e2208420120, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 21 mar 2023.

KOHDA, Masanori et al. Further evidence for the capacity of mirror self-recognition in cleaner fish and the significance of ecologically relevant marks. PLoS biology, v. 20, n. 2, p. e3001529, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 21 mar 2023.

KOHDA, Masanori et al. If a fish can pass the mark test, what are the implications for consciousness and self-awareness testing in animals?. PLoS biology, v. 17, n. 2, p. e3000021, 2019. Disponível em: <link>. Acesso em: 21 mar 2023.

Notícias

Fish can recognize themselves in photos, further evidence they may be self-aware. Science News, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 21 mar 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Peixes conseguem se reconhecer em fotos e no espelho, segundo estudo. Ciência Mundo, mar 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.