Peixes blindados que habitaram os oceanos há milhões de anos, durante o período Devoniano tardio, sempre despertaram o interesse de pesquisadores e paleontólogos amadores que buscam entender o quão grandes eram essas criaturas pré-históricas.
No entanto, um novo estudo sugere que as estimativas usadas até agora podem ter sido imprecisas devido à falta de preservação de partes importantes dos fósseis.
Os peixes em questão, como o Dunkleosteus, são conhecidos apenas pelas partes blindadas ao redor de suas cabeças, uma vez que o restante de seus corpos, feito de cartilagem, não se preservou ao longo dos milênios.
Isso tem dificultado a determinação correta do tamanho desses animais e para alguns pesquisadores os métodos utilizados até agora — que se baseiam no tamanho da boca e mandíbulas de tubarões modernos — podem não ter sido precisos.
Para tentar solucionar esta questão, um estudo recente, conduzido por Russell Engelman, estudante de paleontologia da Case Western Reserve University, nos Estados Unidos, analisou dados de pesquisas anteriores e encontrou indícios de que as estimativas de tamanho do Dunkleosteus e de outros peixes blindados pré-históricos podem ter sido exageradas (ENGELMAN, 2023).
As proporções entre o tamanho da cabeça e do corpo desses animais podem ser diferentes das encontradas nos tubarões modernos, o que indica a necessidade de uma reavaliação do tamanho dessas criaturas.
As estimativas anteriores sugeriam que o Dunkleosteus tinha entre 5 a 10 metros de comprimento, no entanto, o novo estudo propõe que esses animais provavelmente tinham corpos mais curtos em relação às suas cabeças.
Engelman sugere que o tamanho máximo do Dunkleosteus pode ter sido de cerca de 4 metros, metade do tamanho estimado anteriormente.
Essas novas descobertas têm implicações importantes para a compreensão da vida pré-histórica e do ecossistema dos oceanos naquela época.
O tamanho dos animais afeta diversos aspectos, desde seu habitat até sua evolução e interações com outras espécies.
Por exemplo, o tamanho da boca de um peixe é um fator importante na determinação do tamanho de suas presas.
Com base nas novas estimativas, o Dunkleosteus poderia ter sido capaz de morder até 22,9 quilogramas de carne em uma única mordida, indicando que esses peixes podem ter sido predadores formidáveis.
As descobertas de Engelman também destacam a importância de revisar constantemente as estimativas e métodos utilizados em pesquisas paleontológicas, à medida que novos dados e técnicas se tornam disponíveis.
Compreender corretamente o tamanho dos animais pré-históricos é fundamental para uma compreensão precisa do passado da Terra e de como as criaturas antigas interagiam em seus ecossistemas.
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Referências
ENGELMAN, Russell. Giant, swimming mouths: Oral dimensions of extant sharks do not accurately predict body size in Dunkleosteus terrelli (Placodermi: Arthrodira). PeerJ, v. 11, p. e15131, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 18 abr 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Peixe primitivo era uma “boca gigante que nadava”, sugere estudo. Ciência Mundo, abr 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.