O capitalismo é um sistema econômico que se baseia na propriedade privada dos meios de produção e na busca do lucro como principal motor da atividade econômica.
No capitalismo, os recursos produtivos, como terra, fábricas e tecnologia, são de propriedade privada, o que significa que indivíduos ou empresas têm controle sobre esses ativos. Esses agentes econômicos buscam maximizar seus lucros ao produzir bens e serviços que atendam às demandas do mercado.
A alocação de recursos é determinada pelo jogo da oferta e demanda, onde os preços são influenciados pelas escolhas individuais dos consumidores e pelas estratégias das empresas.
A competição é uma característica fundamental do capitalismo. Empresas concorrem entre si para atrair clientes oferecendo produtos ou serviços de qualidade superior a preços competitivos.
Essa competição é vista como um mecanismo eficaz para impulsionar a inovação, reduzir os preços e aumentar a eficiência dos produtos e serviços.
Quando surgiu o capitalismo?
O capitalismo começou a se desenvolver entre o final da Idade Média e o início da Idade Moderna (entre os séculos XIV e XVI), com o declínio do feudalismo e a ascensão da burguesia.
Inicialmente, os produtores e artesãos dos feudos se reuniam em feiras para trocar suas produções excedentes.
Nessa época, qualquer troca que gerasse lucro sem que houvesse transformação ou produção de novos bens era prática proibida e altamente condenada como usura.
Contudo, desafiando a lei, alguns produtores começaram a comercializar deliberadamente seus produtos, construindo inclusive armazéns próximos às feiras, que formavam vilas fortificadas chamadas burgos.
As pessoas que viviam exclusivamente do comércio nos burgos eram chamadas burgueses.
Essa prática obviamente desagradava aos senhores de terras (vassalos) e a Igreja que não participavam das transações.
Apesar das tentativas de reprimir essas atividades paralelas, o acúmulo de riqueza fez com que os burgos se emancipassem dos feudos e se tornassem verdadeiras cidades comerciais.
Isso deu poder aos burgueses e contribuiu para a queda do sistema feudal, que se tornou obsoleto e ineficiente, abrindo caminho para o nascimento do capitalismo.
Mais tarde, reinos inteiros também aderiram às transações comerciais intensas, através da importação e exportação de produtos, dando início assim ao mercantilismo, a primeira fase do capitalismo.
Devemos notar, no entanto, que o capitalismo como conhecemos hoje não surgiu de maneira instantânea com os burgos, mas através de vários eventos históricos convergentes, como veremos a seguir.
Capitalismo comercial ou mercantilismo
O mercantilismo foi uma forma nacionalista de capitalismo, que durou do século XV ao XVIII, e tinha como característica promover o acúmulo de riquezas para o Estado, incentivando as exportações e desencorajando as importações.
Os países que adotavam essa política econômica promoviam uma forte regulamentação da economia e utilizavam a estrutura estatal para viabilizar os interesses comerciais dos burgueses e do Estado no exterior.
O mercantilismo foi impulsionado pela crença de que os países prósperos eram aqueles que acumulavam reservas monetárias ou riquezas na forma de bens manufaturados.
Os principais objetivos das nações que praticavam o mercantilismo eram a busca por matérias-primas de baixo custo, a manufatura de mercadorias e o acúmulo de metais preciosos.
A expansão colonial foi uma das consequências dessa política econômica, já que todos os países queriam vender produtos, mas ninguém queria comprar, levando a busca natural por novos mercados externos.
Nessa época, as colônias só podiam comercializar produtos com seus países de origem.
Capitalismo industrial
O capitalismo industrial foi uma fase do desenvolvimento econômico mundial que se consolidou a partir do século XVIII, caracterizada pela transição de uma economia agrária e mercantil para uma economia impulsionada pela indústria.
Os principais fatores que motivaram a transição do mercantilismo para o capitalismo industrial foram os avanços tecnológicos da época, a Revolução Francesa (1789 a 1799) e a Revolução Industrial (1760 a 1820).
O capitalismo industrial teve como característica as significativas mudanças nos métodos de produção, com a introdução de máquinas que possibilitaram a fabricação industrial em larga escala, impulsionando a economia mundial.
Durante essa fase, a sociedade foi dividida em duas classes sociais principais. A burguesia, composta por proprietários de fábricas, donos de bancos e comerciantes, e o proletariado, composta por trabalhadores assalariados.
Essa divisão de classes foi caracterizada por desigualdades econômicas significativas, com a burguesia acumulando riqueza enquanto o proletariado enfrentava condições de trabalho difíceis e salários baixos.
Essa disparidade social foi um impulsionador importante para o surgimento de movimentos operários e teorias que buscavam abordar as desigualdades inerentes ao sistema capitalista industrial.
Capitalismo financeiro
O capitalismo financeiro é uma fase do desenvolvimento econômico mundial que surgiu entre o final do século XIX e início do século XX, que se destaca pela importância dada ao setor financeiro na economia.
Essa forma de capitalismo se baseia em instituições financeiras como bancos e corretoras de valores, nas bolsas de valores, na alocação de recursos e na determinação do curso econômico.
No capitalismo financeiro, a acumulação de riqueza ocorre mais por meio de instrumentos financeiros, como ações, títulos e derivativos, do que pela produção de bens tangíveis.
Por isso, há uma maior ênfase na especulação e na busca de lucros por meio de movimentos financeiros em vez de investimentos produtivos.
Um aspecto importante do capitalismo financeiro é a instabilidade dos mercados, com crises econômicas e financeiras periódicas, como a Crise de 1929.
Alguns autores defendem que atualmente ainda estamos vivendo a fase do capitalismo financeiro, enquanto outros argumentam que a economia mundial já está em uma nova fase chamada capitalismo informacional.
Capitalismo informacional
O capitalismo informacional é um conceito econômico novo caracterizado pela geração de riqueza através do uso de tecnologias da informação e da geração de conhecimento.
Esta é considerada a fase mais recente do desenvolvimento do capitalismo.
Este termo é frequentemente associado ao sociólogo Manuel Castells, que o desenvolveu em sua obra “A Sociedade em Rede“, publicada em 1996.
O capitalismo informacional é marcado pela predominância de setores baseados em tecnologia da informação, serviços relacionados ao conhecimento e inovação tecnológica.
Alguns exemplos de setores do capitalismo informacional incluem:
– Gigantes da tecnologia como Google, Apple, Facebook e Amazon que baseiam seus modelos de negócios na coleta, processamento e utilização de grandes quantidades de dados;
– Plataformas de serviços compartilhados como Uber e Airbnb que possibilitam a conexão direta entre prestadores de serviços e consumidores, alterando modelos tradicionais de negócios;
– Empresas de entretenimento digital como Netflix e Spotify, que atuam na produção e distribuição de conteúdo digital;
– Startups de tecnologia, como a OpenAI, que desenvolvem soluções inovadoras em setores como inteligência artificial, blockchain, biotecnologia e outras áreas de alta tecnologia.
– Indústria dos jogos eletrônicos que produzem jogos, videogames, campeonatos internacionais e serviços secundários como lan houses.
O capitalismo informacional representa uma mudança significativa em relação às fases anteriores do capitalismo, com implicações profundas nas formas de produção, organização social e nas relações econômicas globais.
Qual a diferença entre capitalismo e socialismo?
No capitalismo os meios de produção são predominantemente de propriedade privada, e as decisões econômicas são impulsionadas pelo mercado, buscando o lucro.
Já no socialismo os meios de produção podem ser propriedade pública ou coletiva, com o objetivo de promover uma distribuição igualitária da riqueza e uma intervenção mais ativa do Estado na economia para atender às necessidades sociais.
O capitalismo enfatiza a iniciativa privada e a concorrência, enquanto o socialismo busca uma abordagem mais coletiva e planejada para a organização econômica.
O socialismo critica o capitalismo por promover desigualdade, alienação, impactos ambientais e a mercantilização da vida.
Já as críticas do capitalismo ao socialismo incluem preocupações com a eficiência econômica, a perda de incentivos individuais, a burocracia em sistemas estatais e o desincentivo à inovação pela falta de concorrência.
Na prática muitos países adotam sistemas mistos que combinam elementos de ambos os paradigmas, conhecidos como economias de mercado mistas.
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Referências
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e terra, 2005. Disponível em: <link>. Acesso em: 21 nov 2023.
DURLAUF, Steven; BLUME, Lawrence E. The new Palgrave dictionary of economics. Springer, 2016. Disponível em: <link>. Acesso em: 21 nov 2023.
JENKS, Chris. Core sociological dichotomies. Core Sociological Dichotomies, p. 1-448, 1998. Disponível em: <link>. Acesso em: 21 nov 2023.
ZIMBALIST, Andrew; SHERMAN, Howard J. Comparing economic systems: a political-economic approach. Academic Press, 2014. Disponível em: <link>. Acesso em: 21 nov 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. O que é capitalismo?. Ciência Mundo, nov 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.