O “jamais vu” é um fenômeno cognitivo que se opõe ao mais conhecido “déjà vu“.
Enquanto o déjà vu envolve uma sensação de familiaridade em relação a uma situação nova, o “jamais vu” ocorre quando algo familiar se torna subitamente estranho ou novo para o indivíduo.
Este fenômeno, embora menos comum e menos estudado do que o déjà vu, apresenta implicações importantes na compreensão do funcionamento da mente humana.
Em um trabalho recente, os pesquisadores demonstraram que o “jamais vu” pode ser induzido experimentalmente por meio da repetição (MOULIN, 2023).
O estudo, que conduziu um experimento envolvendo a escrita repetitiva de palavras comuns, revelou que, após um número significativo de repetições, as palavras começam a perder seu significado e a sensação de jamais vu se instala.
Isso sugere que a repetição excessiva pode levar a uma desconexão entre o conhecimento prévio e a percepção presente, resultando em uma sensação de estranheza.
A explicação científica predominante para o jamais vu é a “saciação“, que envolve a sobrecarga de uma representação mental até que ela se torne sem sentido.
À medida que o cérebro continua a processar informações familiares de forma repetitiva, a mente começa a perceber essas informações de maneira distorcida, levando à sensação de que algo familiar se tornou estranho.
Além disso, o jamais vu parece estar relacionado ao “efeito de transformação verbal“, no qual a repetição excessiva de uma palavra pode levar à ativação de palavras semelhantes, causando confusão e distorção da percepção.
Este fenômeno também tem implicações na compreensão de condições psicológicas, como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Pesquisas sugerem que a compulsão de verificar repetidamente objetos ou situações pode levar a uma sensação de irrealidade, semelhante ao jamais vu.
Compreender como o TOC e o jamais vu estão relacionados pode fornecer insights importantes para o tratamento dessas condições.
Segundo os pesquisadores, mais estudos são necessários para aprofundar nossa compreensão desse fenômeno e suas implicações clínicas.
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Referências
MOULIN, Chris JA et al. The the the the induction of jamais vu in the laboratory: word alienation and semantic satiation. Memory, v. 29, n. 7, p. 933-942, 2021. Disponível em: <link>. Acesso em: 16 set 2023.
Notícias
Jamais vu: the science behind eerie opposite of déjà vu. The Conversation, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 3 jun 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. O oposto do “déjà vu” existe e pode ser ainda mais estranho. Ciência Mundo, set 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.