Um manuscrito datado de 1217, atribuído ao monge alemão Abbott Burchard da Abadia de Ursberg, foi identificado como uma possível evidência da observação de um fenômeno celeste raro conhecido como “nova recorrente”.
Este fenômeno envolve uma estrela morta que extrai matéria de uma companheira maior, resultando em flares de luz regulares.
A estrela em questão pode ser T Coronae Borealis (T CrB), localizada na constelação Corona Borealis, que experimenta um aumento notável em seu brilho por aproximadamente uma semana a cada 80 anos.
No entanto, registros científicos de tais eventos são escassos, com apenas duas observações anteriores documentadas em 1866 e 1946.
A próxima erupção de T CrB é esperada para 2024.
O astrônomo Bradley E. Schaefer, da Universidade Estadual da Louisiana, publicou um estudo, no qual argumenta que os registros de Burchard e outro de 1787 constituem as primeiras observações conhecidas da nova T CrB (SCHAEFER, 2023).
Para descartar outras explicações, Schaefer eliminou a possibilidade de uma supernova, dado que, se tal evento ocorresse em 1217, deveria ter deixado vestígios visíveis até hoje, como é o caso da Nebulosa do Caranguejo, remanescente de uma supernova de 1.000 anos.
Da mesma forma, a presença de um planeta brilhante foi excluída, pois não há planetas visíveis a olho nu que transitem pela região celeste em questão.
Quanto à hipótese de ser um cometa, Schaefer argumentou que os registros contemporâneos frequentemente descreviam cometas como prenúncios de desastres, tornando improvável que Burchard teria classificado tal evento como “maravilhoso” ou omitido mencionar sua cauda.
O registro de 1787, feito por Francis Wollaston, um reverendo e astrônomo inglês, descreveu um comportamento semelhante ao de uma nova em uma estrela cujas coordenadas coincidem com as de T CrB no céu.
Wollaston a identificou usando um nome do catálogo de William Herschel, mas Schaefer sugere que a verdadeira identidade é T CrB.
Os cientistas agora estão ansiosos aguardando o próximo aumento de brilho de T CrB em 2024.
Se isso realmente ocorrer, tal evento será adicionado ao registro de fenômenos que se estendem por séculos.
Enquanto isso, os pesquisadores continuarão a investigar registros históricos em busca de informações adicionais que possam ajudar a compreender melhor esse fenômeno celestial raro e a fazer previsões mais precisas sobre seu comportamento futuro.
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Referências
SCHAEFER, Bradley E. The recurrent nova T CrB had prior eruptions observed near December 1787 and October 1217 AD. arXiv preprint arXiv:2308.13668, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 18 set 2023.
Notícias
Evidence of mysterious ‘recurring nova’ that could reappear in 2024 found in medieval manuscript from 1217. LIve Science, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 18 set 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. “Nova recorrente” poderá reaparecer em 2024, segundo manuscrito de 1217. Ciência Mundo, set 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.