Uma espaçonave da NASA atingiu intencionalmente um asteroide na segunda-feira, dia 26/09/2022, em um teste histórico para avaliar a capacidade da humanidade de proteger a Terra de uma colisão potencialmente catastrófica com uma rocha espacial.
A sonda DART — abreviação para Double Asteroid Redirection Test — realizou essa proeza em uma pequena e inofensiva rocha espacial conhecida como Dimorphos, que fica a cerca de 10,8 milhões de quilômetros da Terra.
A missão de US$ 325 milhões foi projetada para tentar “empurrar” um asteroide para fora de sua trajetória, fornecendo aos cientistas um valioso teste real de tecnologias de defesa planetária.
A espaçonave DART, que tem o tamanho de uma geladeira residencial, colidiu com Dimorphos às 19h14. a uma velocidade de 22.000 km/h.
Uma câmera a bordo da DART capturou imagens ao vivo de Dimorphos, ficando maior à medida que a sonda se aproximava do asteroide. Minutos antes do impacto, a sonda transmitiu detalhes surpreendentes da superfície irregular e escarpada da rocha espacial.
Aplausos explodiram no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, que acompanha a missão, quando o sinal da espaçonave caiu, significando que a sonda havia, de fato, atingido seu alvo logo após enviar suas últimas imagens.
O administrador da NASA, Bill Nelson, parabenizou a equipe do DART, dizendo que os esforços do grupo internacional de cientistas ajudarão a humanidade a proteger a Terra das futuras ameaças de asteroides.
“Estamos mostrando que através de um esforço global é possível salvar nosso planeta através de um sistema de defesa planetária ”, disse Nelson.
Pode levar várias semanas para a NASA confirmar quaisquer mudanças na trajetória da rocha espacial. O objetivo é encurtar apenas alguns minutos na órbita de quase 12 horas do asteroide.
Em uma situação de defesa planetária real, mesmo uma pequena mudança na trajetória de um asteroide poderia evitar um impacto apocalíptico, desde que a rocha esteja longe o suficiente.
Dimorphos, que mede 160 metros de largura, orbita um asteroide muito maior, de 760 metros, chamado Didymos.
Vale lembrar que nem Dimorphos nem Didymos representam ameaças à Terra, de acordo com a NASA.
A espaçonave DART foi lançada ao espaço em novembro de 2021 e passou 10 meses viajando até o seu destino.
Antes do impacto, a espaçonave DART liberou um pequeno satélite construído na Itália, que tinha o objetivo de voar próximo a Dimorphos após o impacto para tirar fotos.
Nas próximas semanas, telescópios terrestres serão usados para estudar Dimorphos e cronometrar sua órbita.
Outra missão liderada pela Agência Espacial Europeia, com lançamento previsto para 2024, estudará a cratera de impacto da DART no asteroide e examinará Dimorphos e Didymos com mais detalhes.
A ameaça dos asteroides
A missão DART está funcionando como um teste para o conceito de deflexão de asteroides como uma estratégia de defesa planetária. Os dados do teste não apenas demonstrarão se a ideia funciona, mas também ajudarão a NASA a entender como essa abordagem seria aplicada no futuro.
O Escritório de Coordenação de Defesa Planetária da NASA, que tem a tarefa de procurar objetos próximos da Terra que possam representar uma ameaça, afirma que nenhum asteroide conhecido com mais de 140 metros de diâmetro tem uma chance significativa de atingir a Terra nos próximos 100 anos. No entanto, os cientistas alertaram que apenas uma pequena fração de objetos menores próximos à Terra foi encontrada.
Embora a perspectiva de “asteroides assassinos”, como são vistos nos filmes, possa parecer absurda, a ameaça é muito real, afirma Bruce Betts, cientista-chefe da Planetary Society, uma organização sem fins lucrativos que realiza pesquisas, advocacia e divulgação para promover a exploração espacial.
O exemplo mais conhecido de um impacto cataclísmico ocorreu há cerca de 66 milhões de anos, quando o asteroide Chicxulub, que tinha entre 10 a 16 quilômetros de largura, colidiu com a Terra e desencadeou uma súbita extinção em massa. O incidente aniquilou os dinossauros e matou quase três quartos de todas as espécies de plantas e animais que viviam na Terra na época.
O maior impacto de asteroide registrado na atualidade ocorreu há 114 anos, quando uma rocha espacial explodiu sobre uma parte remota da Sibéria em 1908, de acordo com a NASA. Os mistérios sobre esse incidente conhecido como Evento de Tunguska permanecem, mas os cientistas afirmam que o impacto foi provavelmente causado por uma rocha espacial medindo entre 50 e 80 metros de diâmetro.
Contudo, mesmo rochas espaciais muito menores podem causar danos generalizados. Em 2013, uma rocha espacial do tamanho de uma quadra de tênis medindo cerca de 20 metros de largura cruzou o céu e explodiu na atmosfera a cerca de 32 quilômetros de Chelyabinsk, na Rússia.
A explosão causada por esse evento liberou energia equivalente a cerca de 440.000 toneladas de TNT e sua onda de choque estourou janelas e derrubou árvores em centenas de quilômetros quadrados. Mais de 1.600 pessoas ficaram feridas.
“Chelyabinsk foi um alerta”, disse Betts. “As pessoas começaram a levar isso muito mais a sério depois desse evento, e a ideia de defesa planetária tornou-se muito mais aceita publicamente.”
Betts disse que espera que a missão DART continue a aumentar a conscientização sobre a importância da defesa planetária.
“É como se preparar para um tipo de desastre com resultados catastróficos, que não acontece com muita frequência, mas se nos esforçarmos agora podemos realmente evitar um desastre no futuro”, afirmou Betts.
Vídeos
Notícias
NASA colide a espaçonave DART a um asteroide para um teste de defesa planetária. NBC News, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 26 set 2022.
Cite-nos
SANTOS, Gabriel. NASA colide a espaçonave DART a um asteroide para um teste de defesa planetária. Ciência Mundo, Rio de Janeiro, set 2022. Disponível em: . Acesso em: .