Agora, no dia 21 de março, chegamos à histórica marca de 5.005 exoplanetas confirmados, todos descobertos em pesquisas sérias, revisadas e aferidas por técnicas de detecção ou métodos modernos de análise, e que agora estão documentados nos arquivos da NASA.
Segundo Jessie Christiansen – do Instituto de Ciências de Exoplanetas da NASA na Caltech – cada registro desses não é apenas um número, mas um planeta completamente novo, do qual não sabemos quase nada.
Os dois primeiros mundos, descobertos em 1992 pelos astrônomos Alexander Wolszczan e Dale Frail, eram exoplanetas com 4,3 e 3,9 vezes a massa da Terra, que orbitavam um pulsar de milissegundo chamado Lich, a 2.300 anos-luz.
Pouco tempo depois, em 1994, um terceiro exoplaneta, bem menor, com 0,02 vezes a massa da Terra, foi descoberto orbitando o mesmo pulsar. Os três exoplanetas foram nomeados Poltergeist, Phobetor e Draugr, respectivamente.
Na época, as descobertas sugeriam que a galáxia era repleta de planetas. Para Wolszczan, “se podemos encontrar planetas orbitando estrelas de nêutrons, então eles devem existir praticamente em todos os lugares da galáxia”.
Contudo, a técnica utilizada para descobrir esses primeiros planetas tinha uma limitação. A estratégia dependia de se observar a pulsação regular de um pulsar, que era levemente alterada, com a gravidade de corpos que transitavam à sua frente. Logo, esta técnica é restrita aos pulsares, e inadequada para outros tipos de estrelas.
No entanto, ainda na década de 90, o astrônomo William Borucki, da NASA, propôs um método revolucionário chamado fotometria de trânsito planetário, que se baseia na observação de pequenas quedas regulares na luz das estrelas, quando um exoplaneta passa entre nós, aqui na Terra, e a estrela hospedeira.
O Telescópio Espacial Kepler, lançado em 2009, é o campeão neste tipo de detecções, com mais de 3.000 exoplanetas confirmados em seu currículo, e outros 3.000 aguardando confirmação.
Além do método de trânsito planetário, existe também o método da velocidade radial, onde os astrônomos estudam o efeito gravitacional que os exoplanetas exercem sobre suas estrelas hospedeiras. Neste método, à medida que os planetas orbitam um centro de gravidade mútuo, a estrela oscila ligeiramente, alterando o comprimento de onda de sua luz.
Além desses dois métodos, que são os mais utilizados para detecção de exoplanetas, outras estratégias, como o efeito microlente gravitacional, também são investigadas, mas essas são menos eficientes. De uma forma geral, os métodos que utilizamos para inferir a existência de exoplanetas no universo, são bem diferentes daqueles que utilizamos para descobrir planetas no Sistema Solar.
A NASA disponibiliza em seu site uma lista com a contagem de planetas descobertos fora do Sistema Solar através de cada método.
Os planetas que descobrimos até agora, normalmente são Jupíteres quentes (que são gigantes gasosos que orbitam bem próximos de suas estrelas), ou mini Netunos (que têm massa entre a Terra e Netuno), ou superterras (que são rochosos como a Terra, mas com algumas vezes a sua massa).
Podemos observar que estudar exoplanetas é uma tarefa desafiadora. Como a luminosidade das estrelas hospedeiras normalmente ofusca qualquer coisa que o planeta possa refletir, ainda sabemos pouco sobre eles. A única certeza que temos é que existem muitos mundos por aí ocultos devido aos nossos limites de detecção atuais.
Esses limites, no entanto, serão superados nos próximos anos com o avanço da tecnologia e das novas técnicas de análise. Com a evolução de nossos métodos, encontraremos exoplanetas, num ritmo cada vez mais rápido, e, quem sabe, algum vestígio de vida fora do Sistema Solar.
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Notícias
It’s Official: NASA Confirms We’ve Found 5,000 Worlds Outside The Solar System. Science Alert, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 22 mar. 2022.
5,000+ Alien Worlds and Counting. NASA, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 15 ago. 2022.
Cite-nos
SANTOS, Gabriel. NASA anuncia a histórica marca de 5.000 exoplanetas descobertos. Ciência Mundo, Rio de Janeiro, mar. 2022. Disponível em: . Acesso em: .