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Micro reatores nucleares já estão sendo instalados em universidades

Pequenos, porém eficientes! A nova geração de micro reatores nucleares é uma alternativa para a produção de energia (quase) limpa.

Micro reatores nucleares já estão sendo instalados em universidades -

Imagem: Ciência Mundo Art

A imagem que temos de usinas nucleares geralmente é a de enormes torres de refrigeração de concreto, instaladas em terrenos que ocupam dezenas de quilômetros quadrados.

No entanto, uma nova tecnologia de micro reatores nucleares promete mudar essa realidade.

Esses pequenos reatores produzem apenas 1% da eletricidade de uma usina nuclear convencional, mas tem a vantagem de poderem ser entregues a qualquer cliente que queira ter um, pois consistem de pequenos módulos que podem ser transportados por caminhão.

A unidade de demonstração do micro reator nuclear da Last Energy, demonstrada em 17/01/2023, em Brookshire, Texas.
Imagem: David J. Phillip em nbcnews.com.

Embora produzam quantidades menores de eletricidade, esses reatores foram projetados para alimentar pequenas instalações, como campi universitários, hospitais e complexos militares.

Além disso, como são produzidos em módulos nas fábricas, podem ser transportados para um local e instalados facilmente, em um processo bem “plug-and-play”, o que é um dos principais benefícios dessa nova tecnologia.

Contudo, os micro reatores nucleares apresentam os mesmos desafios em relação ao descarte de resíduos radioativos e à segurança.

No entanto, seus defensores argumentam que essas questões podem ser gerenciadas e que os benefícios superam os riscos.

Algumas universidades estão interessadas em usar essa tecnologia de forma exemplar em seus próprios edifícios, dando o exemplo para a sociedade de alternativas de energia que substituam o uso de combustíveis fósseis, que causam as mudanças climáticas.

A Universidade de Illinois, por exemplo, utiliza a tecnologia como parte de um futuro projeto de energia limpa no campus.

A instituição pretende solicitar uma licença de construção para um reator a gás de alta temperatura desenvolvido pela Ultra Safe Nuclear Corporation e começar a operá-lo até o início de 2028.

Visão interna da do micro reator nuclear da Last Energy, demonstrada em 17/01/2023, em Brookshire, Texas.
Imagem: voanews.com.

Já a Penn State University está trabalhando com a Westinghouse para desenvolver a tecnologia de micro reatores.

O objetivo é testar essa tecnologia nas indústrias de aço e cimento da região de Appalachian como alternativa de fonte de energia. Esses setores tendem a queimar combustíveis sujos e têm altas emissões de poluentes.

A Purdue University em Indiana está trabalhando com a Duke Energy na viabilidade do uso da energia nuclear avançada para atender às suas necessidades energéticas a longo prazo.

Embora todas essas universidades tenham reatores nucleares para pesquisa acadêmica, a utilização de micro reatores como fonte de energia é algo novo.

Os defensores dessa nova tecnologia argumentam que os micro reatores podem complementar as energias renováveis, fornecendo grandes quantidades de energia sem ocupar muito espaço.

Enquanto um parque eólico ou uma fazenda solar precisaria de muito espaço para produzir 10 megawatts, um micro reator de 10 megawatts poderia ocupar menos de um acre de terra.

Além disso, o vapor de água produzido nos micro reatores — uma consequência natural da produção de energia nuclear — pode ser aproveitado como uma forma eficiente de aquecimento para edifícios em regiões muito frias.

Caleb Brooks, professor de engenharia nuclear da Universidade do Texas, afirmou que os micro reatores podem ser uma opção viável para gerar energia em áreas remotas ou isoladas, como em plataformas de petróleo e gás, instalações militares e comunidades rurais.

Ele acrescentou que a tecnologia pode ajudar a reduzir a dependência de fontes de energia fósseis, bem como melhorar a resiliência da rede elétrica convencional.

No entanto, há preocupações em relação à segurança dos micro reatores, especialmente em relação ao risco de vazamento de material radioativo.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) enfatizou a importância de garantir a segurança e a proteção dos micro reatores durante todo o ciclo de vida, desde o projeto e construção até a operação e desativação.

As normas internacionais de segurança nuclear devem ser rigorosamente aplicadas para evitar qualquer possibilidade de acidente nuclear.

Outra preocupação é a possibilidade de que os micro reatores possam ser alvos de ataques cibernéticos ou terroristas.

Como os micro reatores são projetados para serem operados remotamente, também estão vulneráveis a ataques que buscam interromper a operação ou controlar remotamente o equipamento.

Portanto, é essencial que medidas de segurança cibernética sejam incorporadas ao projeto e operação dos micro reatores.

Apesar dessas preocupações, muitos especialistas acreditam que os micro reatores têm o potencial de desempenhar um papel importante na transição para fontes de energia limpa e segura.

O Departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou em 2020 o lançamento de um programa de demonstração para avaliar a viabilidade dos micro reatores.

A iniciativa visa acelerar o desenvolvimento da tecnologia de micro reatores e estabelecer parcerias com empresas e instituições governamentais para demonstrar o seu potencial.

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Vídeos

Ex-engenheiro Da Space X Choca a Indústria Elétrica Com Seu Micro Reator Nuclear
Ex-engenheiro Da Space X Choca a Indústria Elétrica Com Seu Micro Reator Nuclear.
Vídeo: Canal “Utopia Tech” em Youtube.

Notícias

Coming to a campus near you: Nuclear microreactors. nbcnews.com, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 27 fev 2023.

Several US Universities to Experiment With Micro Nuclear Power. voanews.com, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 27 fev 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Micro reatores nucleares já estão sendo instalados em universidades. Ciência Mundo, fev 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.