Uma equipe de astrônomos identificou uma galáxia há 11 bilhões de anos-luz que estava escondida pelo brilho intenso de um quasar — um buraco negro supermassivo ativo — usando o Telescópio Espacial Hubble (FYNBO, 2023).
Essa revelação foi possível graças a uma técnica peculiar: em vez de observar a luz emitida pela galáxia, os cientistas estudaram a luz que ela absorvia.
Normalmente, astrônomos observam galáxias pela luz emitida por suas estrelas.
Galáxias emitem uma variedade de comprimentos de onda de luz e diferentes telescópios podem capturar essa luz em várias frequências para formar uma imagem completa.
No entanto, quando uma galáxia está alinhada com um quasar mais distante ao fundo, a intensa luminosidade do quasar ofusca a visão da galáxia em primeiro plano.
No atual estudo, os astrônomos aproveitaram esse “problema” para estudar a luz de fundo do quasar que foi afetada ao passar pela galáxia em primeiro plano.
A poeira e o gás da galáxia em primeiro plano absorvem determinados comprimentos de onda da luz, deixando “lacunas” no espectro luminoso.
Essas lacunas revelam o que a luz passou antes de chegar aos telescópios na Terra.
Os quasares — núcleos galácticos alimentados por buracos negros supermassivos — são uma fonte ideal para essa técnica por sua potência luminosa.
Para identificar galáxias ocultas, a equipe procurou quasares com uma coloração particularmente vermelha, indicando a presença de poeira estelar na galáxia em primeiro plano.
Após identificar quasares com essas características, o desafio seguinte era encontrar a luz emitida pela galáxia em primeiro plano, uma tarefa complicada devido ao brilho avassalador dos quasares.
Isso foi comparado a tentar identificar um vaga-lume passando na frente da lâmpada de um farol em uma ilha distante.
Embora a equipe ainda não tenha identificado a luz emitida pela galáxia recém-descoberta, as informações obtidas por meio das lacunas no espectro luminoso são notáveis.
A galáxia, que foi observada como era há 11 bilhões de anos, parece absorver mais luz do que outras galáxias semelhantes, sugerindo que é uma galáxia mais madura, semelhante à Via Láctea.
Além disso, os astrônomos determinaram que essa galáxia possui uma companheira luminosa, que está gerando estrelas a uma taxa impressionante.
A proximidade entre essas duas galáxias sugere que elas provavelmente estão ligadas gravitacionalmente e, em algum momento após sua descoberta, podem ter formado um grupo galáctico semelhante ao Grupo Local, ao qual nossa Via Láctea pertence.
Os cientistas planejam continuar investigando essa região do espaço com outros instrumentos, como o Telescópio Óptico Nórdico em La Palma, na esperança de observar a luz emitida pela galáxia oculta.
Essa descoberta acrescenta mais uma peça ao quebra-cabeça da evolução das galáxias no Universo e torna esses objetos cósmicos ainda mais intrigantes para estudos futuros.
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Referências
FYNBO, J. P. U. et al. The galaxy counterpart and environment of the dusty damped Lyman-α absorber at z= 2.226 towards Q 1218+0832. focus, p. 55, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 28 set 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Luz de quasar distante revela galáxia “oculta” em seu caminho. Ciência Mundo, set 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.