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Imagens do James Webb sugerem que nossa compreensão do cosmos é falha

Novas imagens do Webb aumentam a incerteza sobre a taxa de expansão do Universo, desafiando o modelo padrão da cosmologia.

Imagens do James Webb sugerem que nossa compreensão do cosmos é falha -

Imagem: Arte "Expansão do Universo"por Ciência Mundo

Novas observações do Telescópio Espacial James Webb levantaram questões importantes em relação à compreensão atual da expansão do Universo. 

De acordo com um estudo recente publicado no Astrophysical Journal, as medições da taxa de expansão do Universo, conhecida como constante de Hubble, parecem discordar das previsões do modelo padrão da cosmologia, independente do telescópio utilizado (RIESS, 2023)

A constante de Hubble descreve a velocidade com que as galáxias se afastam umas das outras à medida que o Universo se expande. 

Para calcular a constante de Hubble, os astrônomos observam estrelas variáveis conhecidas como Cefeidas, que têm padrões de brilho previsíveis. 

Comparando o brilho real das estrelas com o brilho esperado com base em suas características intrínsecas, é possível determinar a distância até essas estrelas. 

Além disso, a mudança na cor da luz dessas estrelas revela suas velocidades de afastamento, e combinando esses dados, é possível estimar a expansão do Universo.

O satélite Planck calculou essa constante em cerca de 67,4 quilômetros por segundo por megaparsec (que equivale a 3.260.000 anos-luz.), com base na radiação cósmica de fundo, enquanto o telescópio espacial Hubble estimou em 73 quilômetros por segundo por megaparsec.

Essa discrepância entre as medições já é conhecida há algum tempo como “tensão de Hubble” e levanta questões profundas sobre nossa compreensão fundamental do Universo. 

O James Webb com sua capacidade de resolução superior, prometia fornecer medições mais precisas e reduzir essa margem de erro. 

No entanto, as análises recentes do Webb indicam que as medições do telescópio Hubble eram, na verdade, precisas o tempo todo. 

Isso significa que a tensão de Hubble persiste e que nossos modelos atuais de cosmologia podem estar incompletos ou incorretos.

A implicação direta dessa discrepância é que nosso entendimento do Universo está em cheque. 

Várias teorias foram propostas ao longo dos anos para explicar a tensão de Hubble, envolvendo conceitos como matéria escura, energia escura e partículas exóticas. 

No entanto, nenhuma dessas teorias provou ser definitiva e o problema permanece sem solução.

Isso questiona a validade do modelo padrão da cosmologia, que é amplamente aceito e fundamenta nossa compreensão atual do Universo. 

Se as medições do telescópio Hubble e do James Webb estiverem corretas, isso sugere que há algo fundamental que ainda não compreendemos sobre a expansão do Universo e a natureza da matéria e energia no cosmos.

É importante ressaltar que essas descobertas não representam um beco sem saída na pesquisa cosmológica, mas sim uma oportunidade de avançar nossa compreensão do Universo. 

Pode ser necessário recorrer a novos modelos e teorias para explicar a tensão de Hubble, o que, por sua vez, pode levar a descobertas revolucionárias na física e na cosmologia. 

À medida que os astrônomos continuam a investigar essa discrepância, a busca por uma compreensão mais precisa e completa do cosmos permanece em andamento.

Vídeos

O MISTÉRIO SOBRE A TAXA DE EXPANSÃO DO UNIVERSO CONTINUA APÓS NOVO CÁLCULO ALTAMENTE PRECISO
O MISTÉRIO SOBRE A TAXA DE EXPANSÃO DO UNIVERSO CONTINUA APÓS NOVO CÁLCULO ALTAMENTE PRECISO.
Vídeo: Canal “Ciência News” em Youtube.

Referências

RIESS, Adam G. et al. Crowded No More: The Accuracy of the Hubble Constant Tested\\with High Resolution Observations of Cepheids by JWST. arXiv preprint arXiv:2307.15806, 2023.. Disponível em: <link>. Acesso em: 1 out 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Imagens do James Webb sugerem que nossa compreensão do cosmos é falha. Ciência Mundo, out 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.