Recentemente, cientistas americanos divulgaram um estudo no qual afirmam ter encontrado uma forma de utilizar a inteligência artificial para decodificar pensamentos e ideias a partir de varreduras cerebrais (TANG, 2023).
Embora a principal finalidade do decodificador de linguagem seja ajudar pessoas que perderam a capacidade de se comunicar, a notícia da tecnologia levantou questões sobre a privacidade mental.
Os pesquisadores buscaram tranquilizar tais preocupações, afirmando que o decodificador só pode ser usado em pessoas que autorizaram o treinamento de suas atividades cerebrais em uma máquina de ressonância magnética funcional (fMRI) por um longo período.
Além disso, eles ressaltam que a tecnologia só é capaz de recuperar o significado geral do que o usuário está ouvindo, e não as palavras precisas ou detalhes pessoais.
Segundo os pesquisadores, o decodificador é capaz de trabalhar em um nível de ideias, sem ser invasivo, e é o primeiro sistema a reconstruir a linguagem de forma contínua sem a necessidade de um implante cerebral.
Isso permitiu que os pesquisadores mapeassem como palavras, frases e significados estimulam respostas nas regiões do cérebro responsáveis pelo processamento da linguagem.
Os cientistas alimentaram esses dados em um modelo de linguagem que usa uma rede neural artificial GPT-1, que é o antecessor da tecnologia de IA posteriormente implantada no popular ChatGPT.
O modelo foi treinado para prever como o cérebro responderia ao GPT-1 uma determinada sequência de palavras, permitindo que a equipe previsse com precisão como o cérebro de um indivíduo responderia a uma frase inteira específica.
Embora a pesquisa tenha resultados promissores, os especialistas alertam que ainda há um longo caminho a percorrer antes que a tecnologia possa ser utilizada com sucesso em pessoas com dificuldades de comunicação.
Além disso, ainda há muitas questões éticas e legais a serem consideradas, como quem terá acesso às informações recolhidas, como os dados serão armazenados e como a privacidade dos usuários será protegida.
No entanto, a tecnologia tem o potencial de ajudar pessoas com dificuldades de comunicação, como aqueles que sofreram acidentes vasculares cerebrais ou lesões na medula espinhal.
O decodificador de linguagem também pode ser útil para pessoas com doenças degenerativas, como a doença de Alzheimer, que eventualmente podem perder a capacidade de se comunicar verbalmente.
Essa tecnologia também tem aplicações em outras áreas, como na educação e no desenvolvimento de interfaces cérebro-máquina mais avançadas.
Por exemplo, poderia ser utilizada para desenvolver sistemas de aprendizado personalizados com base na atividade cerebral de um aluno, ou para permitir que as pessoas controlem dispositivos eletrônicos com seus pensamentos.
Vídeos
Vídeo: Canal “Curioso News” em Youtube.
Vídeo: Canal “Argonalyst” em Youtube.
Referências
TANG, Jerry et al. Semantic reconstruction of continuous language from non-invasive brain recordings. bioRxiv, p. 2022.09. 29.509744, 2022.. Disponível em: <link>. Acesso em: 2 maio 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. IA GPT é usada para ler a mente de pessoas com dificuldade de comunicação. Ciência Mundo, maio 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.
Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.
