O objeto, conhecido cientificamente como C/2014 UN271, trata-se de uma “bola de gelo suja”, composta por rochas, gelo e outros detritos, como a maioria dos cometas. Ele é oriundo da nuvem Oort e foi descoberto pelos astrônomos Pedro Bernardinelli e Gary Bernstein ao analisarem dados do Observatório Interamericano Cerro Tololo, no Chile.
Seu tamanho, acaba de ser confirmado por uma equipe de astrônomos, coordenados pelo professor David Jewitt – da Universidade da Califórnia – que já desconfiava do seu brilho intenso, mesmo a uma distância tão grande (HUI, 2022).
O mega cometa leva cerca de 4 milhões de anos para dar uma volta completa em torno do Sol e está se “aproximando” da Terra a 35.405 km/h. Sua maior aproximação do nosso planeta será em 2031, quando alcançará seu periélio (ponto mais próximo do Sol), fazendo sua “curva de retorno” ainda na órbita de Saturno. Ele não será visível a olho nu, pois não entrará no Sistema Solar Interno.
Em seu ponto atual, a 3,2 bilhões de km do Sol, estima-se que a temperatura de sua superfície seja de -211 oC.Embora pareça muito frio, essa temperatura é suficiente para permitir que o monóxido de carbono de sua superfície sublima — passe do estado sólido para o gasoso — criando um manto(ou coma) que envolve o seu centro sólido.
Um aspecto desafiador deste trabalho foi conseguir “enxergar” através desse manto para determinar a extensão do núcleo sólido, que corresponde ao verdadeiro tamanho do cometa. Para isso, os pesquisadores recorreram a várias observações do objeto, obtidas através do Hubble, e aplicaram técnicas de modelagem computacional que determinaram onde o núcleo estaria no meio do manto.
A equipe então comparou os dados obtidos do Hubble, com as observações anteriores do telescópio terrestre ALMA, no Chile, e verificou que as estimativas de tamanho de ambos os telescópios correspondiam. As observações refletivas do ALMA ajudaram ainda a determinar que a superfície do cometa é mais escura do que se esperava.
Os pesquisadores acreditam que o Bernardinelli-Bernstein tenha vindo da nuvem Oort, a região mais distante do Sistema Solar, onde um grande número de cometas reside.
Acredita-se que cometas que se encontram nessa imensa nuvem difusa tenham se formado próximo ao Sol, mas foram jogados para regiões externas pela interação gravitacional com os planetas gigantes gasosos do Sistema Solar. Normalmente, eles tendem a ficar nessa região até que outro “empurrão” gravitacional os tire de lá.
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Referências
HUI, Man-To et al. Hubble Space Telescope Detection of the Nucleus of Comet C/2014 UN $ _ {271} $(Bernardinelli-Bernstein). arXiv preprint arXiv:2202.13168, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2022.
Notícias
‘Megacomet’ Bernardinelli-Berstein is largest ever seen, Hubble telescope confirms. Space, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2022.
Hubble Confirms Largest Comet Nucleus Ever Seen. NASA, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2022.
Cite-nos
SANTOS, Gabriel. Hubble confirma que o “mega cometa” Bernardinelli-Bernstein é o maior já visto. Ciência Mundo, Rio de Janeiro, abr. 2022. Disponível em: . Acesso em: .