O torpor é um estado de redução drástica do metabolismo e atividade fisiológica que alguns animais podem entrar quando enfrentam condições adversas, como escassez de alimentos ou temperaturas extremamente baixas.
Durante o torpor, a temperatura corporal, a frequência cardíaca e a respiração diminuem significativamente, permitindo que o animal conserve energia e sobreviva por períodos prolongados.
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A indução artificial desse estado tem sido amplamente estudada por pesquisadores, que agora estão investigando o ultrassom como uma possível abordagem para induzir estados de torpor em seres humanos.
Um estudo recente, liderado pela Dra. Hong Chen e sua equipe da Universidade de Washington em St. Louis, envolveu a utilização de um capacete de ultrassom adaptado para pequenos mamíferos que direcionou ondas para uma região do cérebro responsável pelo controle da temperatura corporal e sono (YANG, 2023).
Usando camundongos e ratos como modelos, os pesquisadores conseguiram induzir um estado de torpor semelhante à hibernação nesses animais.
Os resultados foram notáveis. Os animais apresentaram uma redução significativa da temperatura corporal, diminuição da frequência cardíaca e do consumo de oxigênio.
Além disso, a duração do estado de torpor pôde ser controlada, com os animais permanecendo nesse estado por até 24 horas.
Quando o ultrassom foi desligado, eles retornaram ao estado normal dentro de 90 minutos.
Essa descoberta tem implicações potenciais significativas para a medicina.
A indução do estado de torpor em seres humanos poderia ser uma estratégia para estender a “janela de tratamento” em situações críticas, como acidentes vasculares cerebrais e ataques cardíacos.
Ao reduzir o metabolismo e a demanda de oxigênio do corpo, poderíamos aumentar as chances de sobrevivência do paciente.
Além disso, essa abordagem poderia ser utilizada como uma espécie de animação suspensa ou hibernação por astronautas em missões espaciais de longa duração.
Atualmente, as viagens espaciais são um desafio para o corpo humano devido aos efeitos da microgravidade e do ambiente hostil.
Induzir um estado de torpor em astronautas poderia reduzir a demanda de recursos, como alimentos e oxigênio, durante as viagens espaciais de longo prazo, permitindo missões mais sustentáveis e viáveis.
No entanto, apesar das promessas, ainda há muitos desafios a serem superados antes que a indução do estado de torpor em seres humanos se torne uma realidade.
Os cientistas ainda estão investigando quais seriam os efeitos a longo prazo do torpor no cérebro humano e como garantir que o retorno ao estado normal seja seguro e sem complicações.
Além disso, é importante ressaltar que o torpor natural observado em animais selvagens é acompanhado por mudanças hormonais e moleculares específicas que não são completamente compreendidas.
Ainda não sabemos se a indução do estado de torpor por meio do ultrassom seria capaz de replicar essas mudanças e se elas são essenciais para o sucesso do estado de torpor.
Por isso, embora o estudo em animais não tenha mostrado sinais de lesões ou desconforto, é crucial realizar mais pesquisas e estudos clínicos para garantir a segurança e viabilidade dessa abordagem em humanos.
Por enquanto, ainda é cedo para afirmar que o ultrassom será a chave para induzir torpor em humanos, mas certamente é um passo importante nessa direção.
Referências
YANG, Yaoheng et al. Induction of a torpor-like hypothermic and hypometabolic state in rodents by ultrasound. Nature Metabolism, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 28 maio 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Hibernação por ultrassom pode revolucionar viagens espaciais, sugere estudo com ratos. Ciência Mundo, maio 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.
Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.
