Uma descoberta recente revelou que um fóssil famoso, encontrado nas camadas fossilíferas de Mazon Creek, Illinois, nos Estados Unidos, não é uma água-viva, como se pensava, mas sim uma anêmona do mar.
O fóssil em questão é o Essexella asherae, identificado pela primeira vez nessa região há mais de 50 anos.
A descoberta foi feita por um grupo de pesquisadores liderado por Roy Plotnick, professor emérito de paleobiologia de invertebrados da Universidade de Illinois, em Chicago (PLOTNICK, 2023).
Plotnick e sua equipe reexaminaram milhares de fósseis de Essexella asherae em acervos de museus e coleções privadas e notaram que as características do fóssil não correspondiam às de uma água-viva.
O fóssil de Essexella asherae é famoso por ser relativamente fácil de encontrar, apesar de não possuir uma estrutura esquelética.
Ele foi descrito pela primeira vez em 1971 e tem sido estudado por paleontólogos amadores e profissionais desde então.
Ele é encontrado nas camadas fossilíferas de Mazon Creek, que datam de 309 milhões de anos atrás, durante o período Carbonífero.
Mazon Creek é famoso por preservar fósseis de animais de corpo mole, como águas-vivas, que normalmente não fossilizam bem.
A área era um estuário onde a água doce e lamacenta de um rio encontrava o oceano, permitindo a rápida cobertura de animais e plantas por sedimentos.
Quando Plotnick e sua equipe examinaram os fósseis de Essexella asherae encontrados em Mazon Creek mais de perto, notaram que a estrutura do fóssil não correspondia à de uma água-viva.
Ao contrário das águas-vivas, que possuem tentáculos delicados abaixo da “cabeça” em forma de cogumelo, o Essexella asherae possuía uma saia membranosa e um “pé” muscular que lembra o das anêmonas do mar.
Quando Plotnick e sua equipe viraram o fóssil de cabeça para baixo, tiveram uma surpresa! A nova perspectiva revelou que a espécie que eles estavam estudando por todo esse tempo era claramente uma anêmona do mar primitiva.
A saia membranosa do fóssil era, na verdade, o corpo da anêmona, com um orifício no topo para permitir a entrada de água para alimentação.
Os pequenos caracóis que foram fossilizados juntamente com o Essexella asherae não eram parasitas ancestrais de água-vivas, como se pensava, mas sim animais que se alimentavam de carcaças de Essexella asherae, o que reforça a ideia de que se tratava de uma anêmona do mar.
Essa descoberta é importante não somente para a paleontologia, mas também para a compreensão da evolução dos animais marinhos.
Afinal, Essexella asherae, agora reconhecido como uma espécie de anêmona-do-mar, tem uma anatomia muito diferente das anêmonas que conhecemos hoje em dia.
Sua presença massiva nas águas antigas do período Carbonífero, há cerca de 309 milhões de anos, sugere que essas criaturas já estavam presentes nos mares há muito tempo.
Além disso, a descoberta também mostra como uma simples mudança de perspectiva pode mudar completamente nossa compreensão de um fóssil.
Por mais de 40 anos, Essexella asherae foi considerado um tipo de água-viva, mas agora sabemos que se trata de uma anêmona-do-mar.
Isso mostra que é importante ter mente aberta e estar sempre disposto a questionar nossas próprias hipóteses e teorias.
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Referências
PLOTNICK, Roy E.; YOUNG, Graham A.; HAGADORN, James W. An abundant sea anemone from the Carboniferous Mazon Creek Lagerstӓtte, USA. Papers in Palaeontology, v. 9, n. 2, p. e1479, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 24 mar 2023.
Notícias
Oops, this 300 million-year-old ‘blob’ fossil was upside down. It’s not a jellyfish after all. Live Science, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 24 mar 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Fóssil de 300 milhões de anos estava de cabeça para baixo e agora não é mais uma água-viva. Ciência Mundo, mar 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.