Nos confins da Via Láctea, milhões de “estrelas espelhadas” invisíveis podem constituir um universo paralelo de matéria escura.
Este intrigante cenário, especulado por astrônomos, desafia nossa compreensão convencional do cosmos.
Embora a ideia de uma matéria escura abundante seja sustentada por evidências científicas, as partículas responsáveis por esse fenômeno permanecem desconhecidas.
Recentemente, a hipótese de “estrelas espelhadas” surgiu como uma possível janela para investigar esse enigma cósmico (ARMSTRONG, 2023).
Estrelas espelhadas de matéria escura
A matéria escura, misteriosa e invisível, constitui aproximadamente 80% da massa de cada galáxia.
Sua presença é inferida por meio de efeitos gravitacionais, mantendo galáxias unidas e influenciando a estrutura do universo.
Contudo, a natureza exata da matéria escura permanece elusiva.
Diferentemente da matéria comum, ela não interage com a luz, mas exerce uma influência gravitacional discernível.
A teoria convencional sugere a existência de uma única partícula de matéria escura que domina o universo.
Entretanto, recentes especulações sugerem a possibilidade de um universo espelho, onde cada partícula de matéria normal possui uma contraparte escura.
Neste cenário, surgem as estrelas espelhadas de matéria escura, formadas pela interação de diversas espécies de matéria escura.
Essas estrelas, invisíveis para nós, podem revelar a presença da matéria escura de maneiras surpreendentes.
O processo de formação das estrelas espelhadas assemelha-se à formação estelar convencional.
Diferentes tipos de matéria escura interagem, perdem energia e se agregam, resultando em estrelas que emitem radiação através de fótons escuros, invisíveis para nossos instrumentos.
A peculiaridade reside no fato de que, mesmo sendo invisíveis, essas estrelas espelhadas exercem gravidade – a força que nos permite inferir a existência da matéria escura.
Como detectar as estrelas espelhadas
A verdadeira singularidade desse conceito reside na possibilidade de detecção.
Embora as estrelas espelhadas de matéria escura permaneçam invisíveis, sua gravidade afeta a matéria comum ao seu redor.
Essa interação leva à formação de pequenos aglomerados chamados nuggets — regiões do espaço compostas não só de matéria escura, mas também de matéria normal — que podem revelar a presença de estrelas espelhadas.
Os astrônomos propõem um método para diferenciar esses nuggets de objetos celestes similares, como anãs brancas e nebulosas planetárias.
A análise dos comprimentos de onda da radiação eletromagnética emitida pelos nuggets pode fornecer pistas cruciais.
Se uma fonte se assemelha a uma anã branca, mas possui um espectro inadequado, poderia ser um nugget de matéria normal alojado no núcleo de uma estrela espelhada.
Conclusão
Essa abordagem sutil, mas promissora, abre a possibilidade de detectar indiretamente a presença de um universo invisível e paralelo.
Embora a hipótese das estrelas espelhadas seja, por enquanto, especulativa, representa uma proposta científica testável.
Se as estrelas espelhadas e seus nuggets associados realmente existirem, isso poderia transformar nossa compreensão do universo, abrindo novas perspectivas para a compreensão da matéria escura e seus enigmas ainda não decifrados.
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Referências
ARMSTRONG, Isabella et al. Electromagnetic Signatures of Mirror Stars. arXiv preprint arXiv:2311.18086, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 29 dez 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Estrelas escuras podem existir em um universo espelhado, sugere estudo. Ciência Mundo, dez 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.