Pular para o conteúdo

E se houvesse um “mini-Netuno” entre a Terra e Júpiter, o que aconteceria?

Um estudo de simulação astronômica mostra como uma “pequena” mudança em nosso sistema solar poderia devastá-lo.

E se houvesse um “mini-Netuno” entre a Terra e Júpiter, o que aconteceria? - Sistema solar concepção artística.

Imagem: Ciência Mundo Art

Os exoplanetas e sistemas solares descobertos até agora estão fornecendo informações valiosas sobre a vastidão do universo e sobre como nosso próprio sistema solar é único em sua organização.

Dos quase 4.000 sistemas planetários identificados até o momento, nenhum deles reflete a ordem e o arranjo dos planetas orbitando o nosso Sol.

Muitos podem dizer que “isso é porque a ampla gama de sistemas planetários análogos ao Sistema Solar estão atualmente fora de nossa capacidade de detecção”.

No entanto, a partir do que conseguimos observar lá fora até agora, os sistemas planetários parecem cobrir uma variedade extraordinária de arranjos.

Um recente estudo conduzido pelo astrofísico Stephen Kane, da Universidade da Califórnia em Riverside, mostrou que se fizéssemos apenas uma mudança em nosso próprio sistema solar, todo o equilíbrio seria perdido (KANE, 2023).

A adição de um único planeta, do tipo super-Terra ou mini-Netuno, entre Marte e Júpiter — algo que é comum em outros sistemas planetários — pode causar um caos completo em nosso sistema solar.

De acordo com Kane, apesar de planetas com massa entre a Terra e Netuno serem comuns em outros sistemas planetários, não temos nenhum em nosso próprio sistema solar, criando um “vazio de massa” entre os mundos rochosos e os mundos gasosos.

Além disso, o Sistema Solar apresenta uma grande lacuna física entre os planetas rochosos e os gasosos, marcada pelo cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.

Segundo Kane, muitos cientistas planetários gostariam que houvesse um planeta nessa lacuna.

O estudo de Kane explorou o que aconteceria se essa lacuna fosse preenchida, colocando um planeta com uma gama de massas entre Marte e Júpiter.

Os resultados do estudo mostram que a adição desse planeta hipotético causaria instabilidade em todo o sistema solar.

Dependendo da massa e da localização desse mundo simulado, a mudança poderia, inclusive, resultar na ejeção de alguns planetas do sistema solar.

O estudo mostrou que a presença de Júpiter em nosso sistema solar é crucial para sua estabilidade, e que sistemas solares com um planeta tipo Júpiter são mais propensos a ter estabilidade para a vida.

Além disso, o estudo de Kane sugere que o equilíbrio do Sistema Solar pode ser muito delicado e difícil de manter.

É possível que as condições em nosso sistema solar tenham sido formadas por uma série de eventos aleatórios e únicos.

Embora as descobertas de Kane possam parecer uma má notícia para aqueles que desejam encontrar planetas habitáveis fora de nosso sistema solar, na verdade, o estudo é um lembrete de como a vida é rara e preciosa.

Nosso sistema solar é único e delicado, mas, ao mesmo tempo, extremamente valioso e digno de ser estudado.

O estudo de Kane nos mostra que, apesar de termos uma compreensão crescente do universo e dos sistemas planetários, ainda temos muito a aprender sobre como os sistemas solares são formados e mantidos, e nossa própria casa cósmica é um ótimo laboratório para isso.

Comente…


Vídeos

Referências

KANE, Stephen R. The Dynamical Consequences of a Super-Earth in the Solar System. The Planetary Science Journal, v. 4, n. 2, p. 38, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 8 mar 2023.

Notícias

Astrophysicist Shows How One Small Change to Our Solar System Could Unravel It. Science Alert, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 8 mar 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. E se houvesse um “mini-Netuno” entre a Terra e Júpiter, o que aconteceria?. Ciência Mundo, mar 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.