O consumo de álcool durante a gravidez sempre foi considerado um fator de risco para o desenvolvimento do feto, pois pode causar anomalias como a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF).
Agora, um novo estudo realizado por pesquisadores holandeses aponta que mesmo pequenas quantidades de álcool podem causar alterações permanentes nas características faciais da criança e, possivelmente, em suas habilidades cognitivas (LIU, 2021).
A pesquisa estudou mais de 5.600 crianças em idade escolar, utilizando imagens em 3D e algoritmos de aprendizado profundo para avaliar mais de 200 traços faciais.
Os resultados indicaram que a exposição pré-natal ao álcool foi associada ao SAF, que se caracteriza por mudanças no aspecto facial das crianças, como queixos mais proeminentes, nariz ligeiramente mais curto e inclinado para cima e uma região abaixo dos olhos ligeiramente retraída.
Além disso, as crianças com SAF geralmente apresentam dificuldades de concentração, memória, desempenho escolar e socialização.
Os resultados indicaram que o consumo de apenas 12 gramas de álcool por semana, o equivalente a uma taça de vinho, foi suficiente para causar alterações permanentes na face da criança.
O estudo também mostrou que quanto mais álcool a mãe consumia durante a gestação, mais proeminentes eram as alterações faciais.
Os pesquisadores destacam que as alterações parecem enfraquecer com a idade, sendo menos proeminentes em crianças de 13 anos do que em crianças de nove anos.
Segundo o coautor deste trabalho Gennady Roshchupkin, epidemiologista do Centro Médico Erasmus, na Holanda, “uma criança exposta ao álcool antes do nascimento pode ter efeitos adversos significativos no seu desenvolvimento… se uma mãe bebe regularmente uma grande quantidade, isso pode resultar na Síndrome Alcoólica Fetal, que é refletida no rosto das crianças”.
O estudo sugere que as mulheres grávidas ou que planejam engravidar devem interromper o consumo de álcool vários meses antes da concepção e completamente durante a gravidez para evitar resultados negativos na saúde dos filhos.
Em um estudo anterior, esta mesma equipe de pesquisadores mostrou que menos de 70 gramas de álcool por semana durante a gravidez pode afetar o desenvolvimento craniofacial de bebês.
Este no estudo é o primeiro a observar prejuízos para o bebê, mesmo com níveis de consumo de álcool tão baixos quanto 12 gramas por semana.
Em termos práticos, os pesquisadores afirmam que não há quantidade segura para o consumo do álcool durante a gestação, livre de consequências para o feto.
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Referências
LIU, X. et al. Association between prenatal alcohol exposure and children’s facial shape. A prospective population-based cohort study. medRxiv, p. 2021.07. 22.21260946, 2021. Disponível em: <link>. Acesso em: 19 fev 2023.
Notícias
Even a Small Amount of Alcohol During Pregnancy Linked to Changes in a Child’s Face. Science News, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 19 fev 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Consumo de álcool durante a gravidez pode causar alterações permanentes na face do bebê. Ciência Mundo, fev 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.