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Cientistas “identificam” a força dominante que hoje impulsiona a evolução na Terra

Um amplo estudo realizado simultaneamente em 160 cidades de 26 países concluiu o que todos já suspeitavam.

Cientistas “identificam” a força dominante que hoje impulsiona a evolução na Terra - Arte "Humanos e a última árvore".

Imagem: Arte "Humanos e a última árvore" - Ciência Mundo Art

A evolução sempre foi um dos aspectos mais importantes da vida na Terra, e agora os humanos estão protagonizando um novo capítulo nessa história.  

Evidências cada vez mais claras indicam que os seres humanos se tornaram uma força motriz importante na evolução da vida no nosso planeta. 

Desde a criação seletiva até as modificações ambientais, estamos alterando tanto o nosso mundo que não estamos apenas influenciando o clima, mas também a direção da própria vida.

Um estudo recente, realizado por uma equipe de 287 cientistas que investigaram 160 cidades em 26 países, analisou o impacto da urbanização na evolução em escala global (SANTANGELO, 2022)

Utilizando o trevo-branco (Trifolium repens) como modelo, uma planta encontrada em várias cidades ao redor do mundo, os pesquisadores coletaram mais de 110.000 amostras de diversos ambientes como grandes cidades, subúrbios e campo.

Trevo-branco (Trifolium repens) utilizado no estudo pelos pesquisadores.
Imagem: Trifolium repens – miluz em Flickr.

O resultado surpreendente foi que o trevo encontrado nas cidades é mais semelhante ao trevo de outra cidade distante do que ao encontrado em áreas agrícolas ou florestas próximas, independentemente do clima. 

Isso indica a ocorrência de uma evolução adaptativa paralela, onde populações separadas são moldadas pela mesma pressão seletiva para características específicas em diferentes localizações. 

Os seres humanos têm um papel tão influente que as mudanças ambientais que criamos têm um impacto maior na evolução dessas características do que fatores naturais, como a genética populacional local e o clima.

Essa descoberta desafia a visão tradicional de que a evolução é principalmente impulsionada por fatores naturais. 

A urbanização, que compartilha muitas características em todo o mundo, demonstrou estar agindo de forma conjunta para impulsionar a evolução na mesma direção. 

Isso sugere que as áreas urbanas estão convergindo em características ambientais que afetam a aptidão dos organismos.

Um exemplo interessante encontrado neste estudo é a produção de cianeto de hidrogênio pelo trevo-branco. 

Essa substância química é usada pela planta como mecanismo de defesa contra predadores herbívoros e também ajuda a resistir à seca. 

O estudo mostrou que as plantas nas populações rurais mais distantes são 44% mais propensas a produzir cianeto de hidrogênio do que as encontradas no centro das cidades. 

Isso ocorre devido à pressão de pastejo mais intensa nas áreas rurais, o que favorece a produção de cianeto de hidrogênio. 

Por outro lado, nas cidades, onde a pressão de pastejo é menos intensa, a seca se torna o fator determinante para a produção dessa substância.

Essas descobertas são apenas a ponta do iceberg quando se trata do impacto dos humanos na evolução. 

Já observamos consequências não intencionais em outras espécies, como a redução do tamanho dos peixes no oceano devido à pesca seletiva e a evolução de asas mais curtas em andorinhas-das-falésias próximas a estradas para aumentar a manobrabilidade diante do tráfego.

Esses achados têm implicações significativas para a sociedade humana, já que, à medida que a urbanização continua a crescer, é crucial entendermos como estamos inadvertidamente moldando a evolução das espécies. 

Isso pode nos ajudar a conservar espécies vulneráveis, mitigar os impactos de pragas, melhorar o bem-estar humano e aprofundar nosso conhecimento sobre os processos ecológico-evolutivos fundamentais.

À medida que avançamos para um futuro em que a quantidade de terra urbanizada deve triplicar até 2030, comparada a 2000, é essencial que a sociedade como um todo esteja ciente do impacto que exercemos sobre a evolução. 

Somente por meio do entendimento desses processos complexos poderemos tomar decisões informadas para direcionar a evolução de forma segura e sustentável.

Em última análise, esse conhecimento pode abrir caminho para um novo paradigma na biologia, em que os humanos são reconhecidos como uma força motriz na evolução da vida na Terra.

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Vídeos

A relação do homem com a natureza e o meio ambiente que o rodeia ... Um vídeo muito comovente
A relação do homem com a natureza e o meio ambiente que o rodeia … Um vídeo muito comovente.
Vídeo: Canal “Michelle Farias“em Youtube.

Referências

SANTANGELO, James S. et al. Global urban environmental change drives adaptation in white clover. Science, v. 375, n. 6586, p. 1275-1281, 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 20 maio 2023.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Cientistas “identificam” a força dominante que hoje impulsiona a evolução na Terra. Ciência Mundo, maio 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.