O núcleo interno da Lua é sólido e tem densidade semelhante à do ferro, afirmam cientistas em um artigo publicado na revista Nature Geoscience (BRIAUD, 2023).
A descoberta, resultado de uma extensa investigação, resolve um antigo debate sobre a composição interna da Lua e tem implicações significativas para a compreensão da história do nosso satélite natural e do Sistema Solar.
Desde que os primeiros seres humanos colocaram os pés na Lua, em 1969, os cientistas têm buscado entender sua composição, e em especial, seu núcleo interno.
No entanto, é difícil determinar o que está acontecendo no interior de um objeto sem abri-lo para examiná-lo.
Então, ao longo dos anos, pesquisadores usaram várias técnicas para sondar o núcleo da Lua, incluindo dados coletados pelas missões Apollo, que trouxeram amostras da superfície lunar para a Terra.
Estudar a composição interna da Lua é importante porque pode ajudar a entender como ela se formou e como evoluiu ao longo do tempo.
Por exemplo, as análises do solo lunar nos mostram que a Lua já teve um campo magnético poderoso, que começou a declinar há cerca de 3,2 bilhões de anos.
Os cientistas acreditam que esse campo magnético era gerado pelo movimento e convecção no núcleo lunar.
Então, entender do que é feito o núcleo é fundamental para compreender como e por que o campo magnético desapareceu.
A equipe liderada pelo astrônomo Arthur Briaud do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica coletou dados de várias missões espaciais e experimentos de laser lunar para criar um perfil de várias características da Lua, incluindo sua densidade e a deformação causada pela interação gravitacional com a Terra.
Eles também experimentaram modelos computacionais que consideravam vários tipos de núcleos para encontrar o que mais se aproximava dos dados obtidos ao longo dos anos.
Os pesquisadores concluíram que a Lua tem um núcleo semelhante ao da Terra, com uma camada externa líquida e um núcleo interno sólido, com densidade semelhante à do ferro.
De acordo com seus modelos, o núcleo externo tem um raio de cerca de 362 quilômetros e o núcleo interno tem um raio de cerca de 258 quilômetros – cerca de 15% do raio total da Lua.
A descoberta é significativa porque resolve um antigo debate sobre a composição do núcleo interno da Lua.
Antes dessa descoberta, os cientistas estavam divididos entre a hipótese de que o núcleo interno era sólido ou líquido.
Agora, eles têm uma compreensão mais precisa de como a Lua evoluiu ao longo do tempo e como seu campo magnético desapareceu.
“Nossos resultados questionam a evolução do campo magnético lunar graças à sua demonstração da existência do núcleo interno e suportam um cenário global de inversão do manto que traz insights substanciais sobre a história térmica e magnética da Lua”, disse Briaud.
A descoberta também pode ter implicações para futuras missões espaciais à Lua, pois saber a composição interna do satélite natural pode ajudar a determinar onde procurar por recursos valiosos, como minerais e água.
Além disso, compreender como o campo magnético lunar desapareceu pode ajudar a proteger futuras missões espaciais e astronautas da radiação perigosa no espaço.
Vídeos
…
Referências
BRIAUD, Arthur et al. The lunar solid inner core and the mantle overturn. Nature, p. 1-4, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 6 maio 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Cientistas finalmente confirmam o que há dentro da Lua. Ciência Mundo, maio 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.