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Cientistas filmam planta “conversando” com seu vizinho

Experimento sem precedentes revela que plantas respondem a sinais de perigo transmitidos por vizinhos feridos.

Cientistas filmam planta “conversando” com seu vizinho -

Imagem: Mostarda responde a sinais de perigo informados por outra planta (Yuri Aratani)

Uma equipe de pesquisadores japoneses da Universidade de Saitama alcançou um avanço significativo na compreensão da comunicação entre plantas

Há décadas, os cientistas já sabiam que as plantas emitem sinais químicos para se defenderem de herbívoros famintos e alertar suas vizinhas sobre possíveis ameaças. 

No entanto, o mecanismo pelo qual as plantas recebem esses sinais sempre foi um grande mistério. 

O atual estudo, publicado na revista científica Nature, utilizou técnicas de imagem em tempo real para documentar como as plantas respondem a esses alertas aéreos (ARATANI, 2023)

Ao contrário dos trabalhos anteriores que se concentraram no mecanismo de emissão de sinais químicos, esta pesquisa se destacou ao investigar como as plantas recebem e interpretam esses sinais.

Para isso, os pesquisadores criaram um experimento controlado, com plantas geneticamente modificadas, cujas células contêm biossensores que fluorescem em verde em resposta a um aumento de íons de cálcio.

A equipe, então, bombeou compostos liberados por plantas feridas e infestadas por insetos para plantas não danificadas.

Os resultados foram surpreendentes!

How Plants Respond To Danger Cues
Plantas respondendo aos sinais de perigo em laboratório.
Vídeo: Canal “Ramis Ganiev” no Youtube.

As plantas receptoras não apenas receberam as mensagens de suas vizinhas feridas, mas também responderam vigorosamente com explosões de sinais de cálcio que se propagaram por suas folhas. 

O experimento não apenas confirmou a existência da comunicação entre plantas, mas também forneceu uma visão detalhada de como esse processo ocorre.

Analisando os compostos no ar, os pesquisadores identificaram dois compostos específicos, Z-3-HAL e E-2-HAL, que desencadearam os sinais de cálcio em Arabidopsis – uma planta comumente usada em estudos botânicos. 

Além disso, ao modificar geneticamente as plantas para incluir sensores fluorescentes em células específicas, como as células-guarda, mesofílicas e epidérmicas, os cientistas conseguiram determinar quais células são as primeiras a responder aos sinais de perigo.

Os estômatos, pequenos poros nas células-guarda, foram identificados como elementos cruciais nesse processo de comunicação. 

O pré-tratamento das plantas com uma fitohormona, que fecha esses estômatos, reduziu significativamente os sinais de cálcio, sugerindo que esses poros desempenham um papel vital na transmissão eficiente de alertas entre as plantas.

Este estudo finalmente preencheu uma lacuna no entendimento científico da comunicação entre plantas. 

Essa descoberta não apenas revela a complexidade do mundo vegetal, mas também destaca a importância de preservar ecossistemas naturais, reconhecendo a capacidade das plantas de se protegerem e se comunicarem em face de ameaças ambientais. 

Este estudo abre caminho para futuras investigações sobre o papel da comunicação entre plantas na ecologia e na agricultura, promovendo uma compreensão mais profunda do delicado equilíbrio natural que sustenta nosso planeta.

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Referências

ARATANI, Yuri et al. Green leaf volatile sensory calcium transduction in Arabidopsis. Nature Communications, v. 14, n. 1, p. 6236, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 20 jan 2024.

Cite-nos

SANTOS, Fábio. Cientistas filmam planta “conversando” com seu vizinho. Ciência Mundo, jan 2024. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.


Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.