Um estudo recente liderado pelo cientista Shuai Li, da Universidade do Havaí, investiga a possibilidade de elétrons de alta energia presentes na cauda magnética da Terra estarem relacionados à formação de água na superfície lunar (LI, 2023).
Essa descoberta tem implicações significativas para a compreensão da distribuição de água na Lua e para o planejamento de futuras missões tripuladas ao satélite.
A formação de água na Lua é um tema de interesse tanto para a pesquisa científica quanto para as missões espaciais futuras.
Além de fornecer uma compreensão mais profunda da evolução lunar, a disponibilidade de água na Lua é crucial para a sobrevivência e sustentabilidade de astronautas em futuras missões tripuladas.
A teoria de Li e sua equipe estabelece uma ligação entre a presença de água na Lua e a magnetosfera da Terra, que atua como um escudo protetor contra os ventos solares, partículas carregadas de alta energia provenientes do Sol.
Quando os ventos solares interagem com a magnetosfera, uma cauda magnética se forma no lado noturno da Terra, conhecida como magnetocauda.
Imagem: NASA/Goddard/Aaron/Kaase
Esta cauda é composta por elétrons e íons de alta energia que formam uma camada de plasma.
À medida que a Lua orbita a Terra, ela atravessa a magnetocauda, que age como um escudo, protegendo a Lua das partículas carregadas, mas permitindo a passagem da luz solar.
Os dados coletados entre 2008 e 2009 pelo instrumento Moon Mineralogy Mapper (MMM) a bordo da sonda Chandrayaan 1, da Índia, foram cruciais para essa pesquisa.
Surpreendentemente, as observações mostraram que a formação de água na magnetocauda da Terra era semelhante àquela observada quando a Lua estava fora da influência da magnetocauda.
Isso levanta a possibilidade de que existam processos de formação adicionais ou fontes de água não diretamente ligadas ao vento solar.
Uma descoberta adicional é que a radiação causada pelos elétrons de alta energia na magnetocauda tem efeitos semelhantes aos causados pelos íons no vento solar.
Além disso, o oxigênio presente na magnetocauda parece oxidar o ferro nas regiões polares da Lua, um fenômeno já observado anteriormente.
A pesquisa continua com planos de investigar mais profundamente o ambiente de plasma ao redor da Lua e o conteúdo de água nas regiões polares durante diferentes estágios de sua passagem pela magnetocauda.
Essa pesquisa faz parte do programa Artemis, que visa enviar a missão Artemis III à Lua em 2026, marcando o retorno da humanidade ao nosso satélite natural e incluindo a primeira mulher e a primeira pessoa de cor na superfície lunar.
Embora essa descoberta seja intrigante, requer estudos adicionais para compreender completamente os mecanismos envolvidos e suas implicações para futuras missões lunares.
Vídeos
Vídeo: Canal “NERD AOS 50 – ASTRON” em Youtube.
Referências
LI, S. et al. Formation of lunar surface water associated with high-energy electrons in Earth’s magnetotail. Nature Astronomy, p. 1-9, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 2 jun 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Cauda magnética da Terra pode formar água na Lua, revela estudo. Ciência Mundo, set 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.
Graduado em Sistemas de Informação pela FEUC-RJ e mestre em Representação de Conhecimento e Raciocínio pela UNIRIO. Fábio é editor e fundador do portal Ciência Mundo. É dedicado à produção de conteúdos relacionados a astronomia, física, arqueologia e inteligência artificial.
