Astrônomos descobriram recentemente um quasar excepcionalmente antigo, denominado UHZ-1, datado de 13,2 bilhões de anos atrás, aproximadamente 500 milhões de anos após o Big Bang (NATARAJAN, 2023).
Este quasar desafia as teorias convencionais sobre a origem dos buracos negros supermassivos, sugerindo que eles podem ter se formado a partir de nuvens primordiais de gás, pulando a fase de estrelas massivas.
Com isso, os astrônomos acreditam ter encontrado uma nova categoria de objeto cósmico, denominada “galáxia de buraco negro supermassivo“, representada por UHZ-1.
A descoberta levanta questões sobre a evolução do Universo, especialmente em relação à presença generalizada de buracos negros supermassivos no centro das galáxias modernas.
Tradicionalmente, acreditava-se que esses buracos negros se originavam a partir do colapso de estrelas massivas ao longo de eras cósmicas.
No entanto, a rapidez com que UHZ-1 se formou desafia esse paradigma.
A hipótese dos pesquisadores, liderados pela astrônoma Priyamvada Natarajan, é que UHZ-1 e outros buracos negros supermassivos podem ter começado como nuvens primordiais que colapsaram em núcleos excepcionalmente pesados, acelerando o crescimento desses buracos negros galácticos.
Isso sugere que a origem desses buracos negros pode ser mais diversificada do que se pensava anteriormente, envolvendo não apenas a morte estelar, mas também a formação direta a partir de nuvens de gás primordial.
Essa descoberta foi possível graças à combinação de observações do telescópio espacial James Webb e do Observatório de Raios-X Chandra da NASA.
Os pesquisadores estudaram um aglomerado massivo de galáxias na constelação Sculptor, usando a massa do aglomerado como uma lente gravitacional para ampliar a visão do que está por trás dele no espaço e no tempo.
Isso revelou UHZ-1 como o quasar mais distante e antigo já identificado.
A implicação mais ampla dessa descoberta é que os buracos negros supermassivos podem ter existido muito antes do que se pensava inicialmente, desafiando as teorias convencionais sobre sua formação e crescimento.
A ideia de que esses buracos negros começaram como sementes iniciais pesadas, originadas diretamente de nuvens primordiais, pode fornecer uma explicação alternativa para a presença ubíqua de buracos negros supermassivos em galáxias modernas.
Ainda há muitos mistérios a serem desvendados sobre a formação e evolução desses objetos cósmicos, mas a descoberta de UHZ-1 representa um passo significativo na compreensão da diversidade de caminhos pelos quais os buracos negros supermassivos podem ter surgido no Universo primordial.
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Referências
NATARAJAN, Priyamvada et al. First Detection of an Over-Massive Black Hole Galaxy: UHZ1–Evidence for Heavy Black Hole Seeds From Direct Collapse?. arXiv preprint arXiv:2308.02654, 2023. Disponível em: <link>. Acesso em: 25 dez 2023.
Cite-nos
SANTOS, Fábio. Buracos negros supermassivos podem ter “surgido do nada”. Ciência Mundo, dez 2023. Disponível em: . Acesso em: 05 maio 2024.